Por Railídia Carvalho
Na prática, empregadores tem usado a terceirização no Brasil para reduzir custos, maximizar lucros e violar direitos trabalhistas, afirmou ao Vermelho o advogado trabalhista Magnus Farkatt.
“Ou seja, um empresário monta uma empresa e não precisa contratar nenhum funcionário. Basta terceirizar tudo”, afirmou nota da Intersindical. De acordo com a central, “os mais altos integrantes do judiciário” estão sintonizados com os “interesses exclusivos dos grandes grupos econômicos”. Segundo a nota, o combate a terceirização continua sendo pauta central dos trabalhadores.
A Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil afirmou que “o dia de hoje (30) comprovou que a Casa Grande é cega e veste toga”. O presidente da central Adilson Araújo lembrou que a terceirização sem limites é uma reivindicação antiga da classe empresarial. Segundo ele, os defensores da reforma trabalhista (que formalizou em novembro de 2017 a terceirização para atividade-fim) também diziam que empregos seriam gerados.
“Após a implantação da lei (reforma trabalhista), o que vimos hoje é a degradação do trabalho”. Adilson afirmou que ao aprovar terceirização para a atividade-fim, o “STF parece desconhecer” o “desastre social, econômico e político” instalado no Brasil e que “afetou 65,6 milhões de brasileiros, que, fora da força de trabalho, vivem no desalento”.
“Ampliar a terceirização é um grande equívoco, que só fará ampliar os problemas já existentes”, diz trecho da nota da Força Sindical assinada pelo presidente em exercício Miguel Torres e pelo secretário-geral João Carlos Gonçalves, o Juruna. Os sindicalistas lembraram que um dos efeitos práticos para o trabalhador terceirizado é a perde de conquistas como Participação nos Lucros ou Resultados, vale-transporte e vale-alimentação.
“A terceirização da atividade-fim não cria empregos, reduz os salários e divide a representação sindical, prejudicando as negociações por benefícios e melhores salários”, conclui a nota.
Para a Central Única dos Trabalhadores, a decisão do Supremo coloca em risco a vida dos trabalhadores. Estudos da entidade e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) constatou que terceirizados recebem 24,7% a menos do que trabalhadores contratados diretamente, trabalham três horas a mais e estão mais expostos ao adoecimento e à morte numa proporção de 8/10.
“Ao autorizar a terceirização indiscriminada, a Suprema Corte, que é a Casa revisora do Brasil, perdeu a oportunidade de revisar um ato inconstitucional cometido pela Câmara dos Deputados, que trouxe insegurança jurídica e precarizou a vida dos trabalhadores e trabalhadoras”, afirmou Vagner Freitas presidente da CUT em matéria publicada na Rede Brasil Atual.
A reforma trabalhista implementada em novembro do ano passado reforçou a terceirização da atividade-fim. Em março de 2017, Michel Temer sancionou a Lei 13.429 que também liberava a terceirização sem limites. A decisão do Supremo que se apoiou nos mesmos argumentos da reforma trabalhista, fortaleceu as iniciativas do governo de Michel Temer e recebeu elogios da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “O STF reconheceu que a terceirização não precariza”, afirmou à Folha o assessor jurídico da CNI, Cássio Borges.
Na opinião da CUT, a decisão foi mais uma prova de que “de que vivemos em um Estado de Exceção, no qual os poderes da República estão sequestrados pelos interesses do grande capital”.
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