“O brasileiro vê a Petrobras como um ícone do país, de sua identidade nacional. E acha que o problema da companhia está mais ligado a uma questão de gestão e corrupção do que ao fato de ser um estatal”, disse Danilo Cersosimo, diretor da Ipsos Public Affairs, ao Valor.
Alguns dos principais nomes da direita cotados para disputar as eleições já falaram sobre a possibilidade de privatizar a petroleira. Em fevereiro deste ano, por exemplo, o pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, defendeu que “tudo” pode ser privatizado na Petrobras, caso haja um “bom” marco regulatório no futuro, conforme noticiou O Estado de S.Paulo.
Outro nome do ninho tucano que também advogou pela privatização foi João Doria. ““Eu defendo uma privatização gradual da Petrobras para que não haja prejuízo para seu corpo funcional, que é muito bom e sério”, disse, no ano passado, de acordo com relato do Valor.
Paulo Guedes, economista escolhido pelo presidenciável Jair Bolsonaro como seu futuro “ministro da Fazenda” e ajudante na elaboração de seu programa de governo, também é a favor de vender a Petrobras. “Por que não pode vender o Correio? Por que não pode vender a Petrobras?”, questionou, em entrevista à Folha de S.Paulo.
A pesquisa do Ipsos Public Affairs identificou que a maior parte da população não compactua, na verdade, com a maior parte da agenda neoliberal defendida pelos candidatos da direita.
A posição do brasileiro em relação, por exemplo, a uma eventual privatização do Banco do Brasil (BB), hoje empresa de capital misto, é semelhante àquela em relação à Petrobras. A maioria, 62%, declarou que não apoiaria um candidato que prometesse privatizar a instituição financeira. Somente 21% seriam favoráveis e 28% não souberam ou não responderam.
Bandeira da gestão Temer, a Reforma da Previdência, que de tão impopular não saiu do papel, também retira votos de seus apoiadores: 57% dos entrevistados não apoiariam o candidato que prometesse a refroma. Somente 28% apoiariam.
Sessenta e oito porcento dos entrevistados, contudo, se mostraram a favor da redução dos gastos públicos. Segundo Danilo Cersosimo, a maioria dos brasileiros tem uma opinião mais de centro-esquerda sobre a gestão de Estado, mas tem a percepção de que o gasto público hoje é de má qualidade.
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