“Uma mudança na periodicidade de reajustes da gasolina, desde que preservados os pilares defendidos pela atual diretoria, não significaria praticar uma política de congelamento de preços, hipótese amplamente rejeitada, tanto na empresa como em boa parte do governo. O formato dessa política de menor volatilidade, contudo, ainda precisará ser definido”, informa o Valor.
A ideia da Petrobras, agora sob o comando de Ivan Monteiro, portanto, não é impedir preços impraticáveis como os atuais, mas apenas alongar a periodicidade das mudanças de preços do combustível ao consumidor. Algo na linha do que ocorreu com o diesel – que ficará congelado por 60 dias e, depois, será reajustado mensalmente – e o gás de cozinha, cujo valor passou a ser revisado a cada três meses.
A hipótese de alterar a política – sem, contudo, mexer em seus pilares – é uma resposta tímida à crise que culminou com a greve dos caminhoneiros e levou à queda de Pedro Parente. Até aliados do governo Michel Temer têm cobrado maior previsibilidade na política de preços da companhia.
O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, por exemplo, afirmou na madrugada desta segunda (4), que crê que a Petrobras vai reavaliar sua posição em relação aos preços.
“Eu, Marun, que entendo muito pouco de economia, entendo que a Petrobras vai reavaliar. Porque a Petrobras existe no Brasil. Ela vende no Brasil. Ela explora petróleo no Brasil. O Brasil é o grande mercado e é a essência da existência da Petrobrás”, disse, em entrevista ao programa Canal Livre. “Não adianta a Petrobrás dizer que eu sou uma grande empresa eficiente, só que eu não sirvo para o meu consumidor”, acrescentou.
Novo presidente da companhia, Ivan Monteiro assumiu com um discurso contrário à mudança de política de preços. Segundo o Valor, a Petrobras já discutia possíveis mudanças antes de Parente cair. Uma opção seria criar um “tributo flexível que seria cobrado a mais quando o preço na refinaria caísse e a menos quando subisse, preservando a estabilidade dos preços na bomba.”
Um tanto otrimista, a ideia é que os governadores – que já enfrentam sérias dificuldades financeiras em seus estados – sejam chamados a colaborar com o plano, a fim de reduzir o ICMS sobre o preço para o consumidor.
De acordo com o Valor, há certo consenso entre agentes do mercado de que é preciso instrumentos que suavizem o repasse da volatilidade do petróleo no mercado externo e do dólar para o preço dos combustíveis na bomba. Eles querem que essa política anticíclica seja arcada pelo setor público.
“Assim, ficaria protegido o balanço da Petrobras, que também tem acionistas privados e concorre no mercado global com empresas que vendem a commodity e seus derivados pela cotação internacional”, reconhece o jornal.
A solução, que procura ser um ‘meio-termo’ que preserve os lucros dos acionistas, não parece resolver, contudo, o problema do consumidor brasileiro, que não está tão preocupado porque o preço é volátil e, sim, porque o preço é alto – e só faz subir. Entre o fim de abril e início de maio, para o consumidor final, o preço médio do litro de gasolina na bomba, por exemplo, aumentou de R$ 3,40 para R$ 5, um crescimento de 47%.
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