Vários jornalistas de todo o país estão comovidos com a morte do repórter cinematográfico da TV Bandeirantes, Santiago Ilídio Andrade, 49 anos, na manhã desta segunda-feira, 10. Ele sofreu afundamento do crânio e foi submetido a uma cirurgia após ser levado para o Hospital Souza Aguiar, no Rio de Janeiro.
O profissional fazia a cobertura de um ato contra o aumento da passagem de ônibus quando foi atingido na cabeça por um rojão, no momento em que registrava o confronto entre manifestantes e policiais durante o protesto.
Em várias cidades do país repórteres cinematográficos colocaram suas ferramentas de trabalho (câmeras fotográficas e filmadoras) no chão e pediram justiça. Vários colegas de profissão de Andrade viam nele a expressão máxima do profissionalismo e competência.
Em solidariedade ao acontecido o Blog do Mamede buscou entender um pouco mais dessa profissão que, como todas as funções do jornalismo, não é valorizada e respeitada e oferece cotidianamente aos profissionais riscos de todas as naturezas, inclusive a morte.
O repórter cinematográfico da TV Anhanguera de Catalão, Walter Rinaldes Rocha, contou que compartilha do sentimento de tristeza com a morte de Andrade e disse que gostaria que todos enxergassem o valor desse trabalho e suas complexidades. “Isso foi uma fatalidade. Espero que a morte dele não tenha sido em vão. Infelizmente, às vezes, pessoas tem que morrer para fazer valer alguma coisa e esperamos que essa barbárie, essa violência vivida no Brasil, acabe logo”. Ele observou ainda que mesmo não valorizado, o jornalismo [no mundo] não seria o que é sem a participação dos cinegrafistas.
A boa nova sobre o fato é que o suspeito de acender o rojão que matou o cinegrafista, Caio Silva de Souza, 23 anos, foi preso na madrugada desta quarta-feira (12) na cidade de Feira de Santana (BA), a cerca de 100 quilômetros de Salvador. A polícia chegou até o homem por meio de denuncia.
Ele, que tem quatro passagens pela polícia, estava foragido desde segunda-feira (10), quando a Justiça do Rio ordenou sua prisão temporária por 30 dias. Caio foi reconhecido através de fotos pelo tatuador Fábio Raposo, acusado de entregar o rojão.
Os presidentes da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert), Daniel Slaviero, da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Celso Schröder, e da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio (Arfoc), Luiz Hermano, defendem punição aos responsáveis pelo ataque e morte do cinegrafista.
“Espero mesmo que essa morte não tenha sido em vão. Eu li numa rede social a carta que a filha de Andrade escreveu que me emocionou. Ela dizia o seguinte: os anjos do céu ganharão o pai. Eu digo mais do que isso, afirmo que os anjos do céu ganharão o cinegrafista (Andrade)”, conclui Rocha.
De acordo com a imprensa do Rio, Andrade será cremado na próxima quinta-feira (13), no cemitério do Caju, na zona norte fluminense. O velório ocorrerá das 7h até as 11h, e será aberto para profissionais de imprensa, amigos e público em geral. A partir das 11h, a cerimônia será fechada para a família do cinegrafista. A cremação acontecerá ao meio-dia.
Por: Gustavo Vieira
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