Por Altamiro Borges*, em seu blog
Curiosamente, ela foi direto à bancada dos demos, que reúne o maior número de senadores e deputados acusados de explorar trabalho análogo à escravidão no Brasil. O primeiro contato de Ramona foi com o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), fundador da famigerada União Democrática Ruralista (UDR).
Até agora não se conhece bem a verdadeira história da sinistra “doutora”. A Folha desta quinta-feira (6) publicou uma notinha que talvez ajude a entender o caso. A empresária Cristina Roberto, dona de um buffet em Brasília, relata que abrigou Ramona Rodriguez em sua casa, num bairro nobre de Brasília, entre a noite de sábado e terça-feira. Ela afirma que a conheceu em outubro num curso de acolhimento aos médicos cubanos. “Segundo Cristina, recentemente Ramona telefonou dizendo que queria ir a Brasília num fim de semana porque se sentia sozinha. A empresária ofereceu sua casa para hospedá-la. Cristina diz que só percebeu que a cubana havia deixado o programa na segunda, quando a médica foi à embaixada dos EUA”.
“Ramona teria pedido então abrigo por um mês. A empresária recusou e a cubana deixou a casa na terça. Segundo Cristina, ela disse ter um marido cubano em Miami e não querer voltar a Cuba. A empresária, que apoia o programa Mais Médicos, afirma se sentir “usada” e “indignada” com o fato de Ramona dizer que não sabia das condições do programa. Nesta semana, a Folha tentou, sem sucesso, ouvir Ramona sobre o relato de Cristina. A liderança do DEM informou que a médica tem um ex-namorado nos EUA, mas que ela não tinha a intenção de deixar Cuba quando chegou ao Brasil para o Mais Médicos. Agora, ela diz acreditar que corre risco de vida na ilha”.
A oposição demotucana e a mídia venal apresentam a médica como vítima da “ditadura cubana” e aproveitam o episódio para atacar o governo Dilma e desqualificar o programa “Mais Médicos”. Como argumenta o jornalista Paulo Nogueira, do blog Diário do Centro do Mundo, “todo este estridor pode ser resumido em duas sílabas: lixo. O caso de Ramona não é nem mais e nem menos que isso: um caso. Num universo de 7.400 médicos importados, você haverá de encontrar histórias de insatisfação, arrependimento, oportunismo. O que importa é que muitos brasileiros desvalidos – nossos compatriotas invisíveis – ganharam com o Mais Médicos”.
*Altamiro Borges é blogueiro, presidente do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé e membro do Comitê Central do PCdoB.
Fonte: Portal Vermelho
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