Quem não tem carro também sente os efeitos dos aumentos em tudo o que consome. O preço do gás de cozinha, que teve aumentos sucessivos no último período, e o transporte público mais caro são exemplos de como a atual política de Temer compromete o orçamento de toda a população brasileira.
Desde julho de 2017, quando a Petrobras passou a reajustar os preços dos combustíveis quase todo dia e o governo aumentou em quase 30% as alíquotas de PIS/Cofins sobre os combustíveis, o preço da gasolina subiu cerca de 22% para o consumidor final e o gás de cozinha chegou a custar R$ 75,19 em novembro de 2017.
Outras consequências dessa política, que tem impacto direto na inflação e no custo de vida dos brasileiros, são as altas nos preços dos fretes rodoviários, dos alimentos, das roupas e calçados, pois todos fazem parte da cadeia produtiva que depende dos derivados de petróleo, seja por causa do aumento nos preços dos transportes ou o uso dos combustíveis na produção dos produtos.
“É evidente que essa política tem encarecido o preço dos produtos ao consumidor final e tem feito com que a Petrobras perca mercado”, diz o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), José Maria Rangel.
“Nos governos Lula e Dilma, as nossas refinarias estavam a plena carga, com condições de suprir o mercado interno e praticar preços acessíveis à população. Agora, por uma decisão do governo, reduzimos drasticamente a carga processada em nossas refinarias e aumentamos a importação”, denunciou o coordenador-geral da FUP.
“Temer diminuiu o papel do Estado e passou a incentivar o investimento privado. É um grande retrocesso e uma clara tentativa de atrair o capital estrangeiro para privatizar o setor de refino do Brasil”, criticou Rangel.
Em 2017, foram importados mais de 200 milhões de barris de derivados de petróleo, número recorde da série histórica da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Dados do Ministério de Minas e Energia mostram que cinco refinarias da Petrobras (Rlam, Reman, Reduc, Refap e Rpcc) já operam com capacidade inferior a 75%.
“Esse é o resultado desastroso da gestão do golpista Temer desde que colocou Pedro Parente, o seu representante direto, no comando da Petrobras. Temer e Parente são unha e carne”, ironizou Rangel.
Segunda gasolina mais cara do mundo
Outro resultado desastroso da atual política de Temer para o setor é o fato de que o Brasil passou a ter a segunda gasolina mais cara dentre os maiores produtores de petróleo do mundo, conforme apontou levantamento da consultoria Air-Inc, que consolida estatísticas globais de custo de vida e mobilidade.
Em 2017, o Brasil foi o maior produtor de petróleo da América Latina, superando o México e a Venezuela. Mesmo assim, o preço da gasolina ao consumidor final bateu recordes de aumento.
O técnico do Dieese na subseção da FUP, Cloviomar Cararine, explica que a contradição entre o fato de o Brasil ser um grande produtor e praticar preços altíssimos é fruto de uma decisão política do governo e da atual gestão da Petrobras que privilegia o mercado externo e não o nacional.
Ele explica que o governo voltou a praticar os reajustes dos preços de acordo com as oscilações do petróleo no mercado internacional, como era feito no governo do tucano FHC – 1995 a 2002 . “Aumenta o preço do barril de petróleo lá fora, aumenta aqui também”, explica o técnico do Dieese.
Para se ter uma ideia de como funciona essa variação, basta analisar as alterações no valor da gasolina da semana passada para cá. Nesta segunda-feira (19), a gasolina passou a ser vendida pela estatal a R$ 1,5148 o litro, uma alta de 1,82% em relação ao preço vigente na sexta-feira (16). Já o diesel teve um aumento de 1,5%.
“Em uma semana, podemos ter até dois realinhamentos de preços. O que acontece na prática é que o valor nunca diminui”, conclui Cloviomar.
Era Temer e a volta da instabilidade
O coordenador-geral da FUP, José Maria Rangel, critica os aumentos diários nos preços, sem transparência e sem o controle do consumidor.
“Da forma como está, isso significa que, se a OPEP resolver fechar as torneiras amanhã, os consumidores brasileiros é que vão pagar o preço e não saberão disso”, explica, relembrando diversos momentos da história em que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) interferiu na economia mundial ao tentar controlar o valor do barril de petróleo.
Rangel recorda-se, por exemplo, que, entre outubro de 1973 e março de 1974, o preço do petróleo aumentou 400%, desestabilizando a economia por todo o mundo.
“Essa política de Temer e Parente deixará o Brasil de novo completamente vulnerável a qualquer problema internacional”, lamenta.
Fonte: FUP
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