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A importância da Frente Brasil Popular

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A conjuntura da criação da Frente Brasil Popular, as principais forças políticas e os movimentos que a compõem, o papel da resistência ao golpe e s desafios, são os objetivos da 2º Conferência nacional nos dias 9 e 10 de dezembro.

Por Francisca Genilce Gomes*

PAULO PINTO / FOTOS PÚBLICAS

Frente Brasil Popular convoca atos no desfecho do impeachment

Encerrado os anos do governo Lula e com a eleição da presidenta Dilma, abre-se expectativas com relação ao governo da primeira presidente mulher da história.

O ano de 2013 é crucial para o governo que vê expresso nas ruas as insatisfações populares, inicialmente organizadas pelo Movimento Passe Livre com a pauta de melhoria no transporte e diminuição dos preços das tarifas, manifestações que, por fim, se desdobram em movimentos políticos antagônicos com relação ao governo.

Se 2013 teve como marca as mobilizações, o debate principal de 2014 foi a disputa eleitoral entre forças sociais que vinham se radicalizando. O pleito eleitoral resultou na reeleição da presidenta Dilma Rousseff para um segundo mandato. Já nos primeiros meses de 2015, os grupos de oposição ao governo aventam pedir o impedimento da presidenta recém-empossada e agendam manifestação para o dia 15 de março.

No sentido contrário à oposição, um conjunto de entidades embrionárias do que se tornaria a Frente Brasil Popular, entre as quais a CUT (Central Única dos Trabalhadores), CMP (Central de Movimentos Populares), MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e UNE (União Nacional dos Estudantes), entre outras, articula e mobiliza atos dois dias antes da manifestação dos grupos de direita – 13 de março – chamado de Dia Nacional de Mobilização, cujas bandeiras principais foram: defesa da democracia, da Petrobras e dos direitos sociais. As manifestações de 14 e 15 de março foram uma prévia do cenário acirrado que seria o ano de 2015.

Neste cenário de disputa política, mobilizações e articulações, surge a Frente Brasil Popular, criada no dia 5 de setembro de 2015, em Belo Horizonte MG, com a participação de 2.500 representantes de 66 organizações dos mais diversos movimentos sociais brasileiros, entre os quais a CUT, MST, CMP, UNE, e a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), e mais os partidos PT, PCdoB.

A presença desses vários segmentos na fundação demonstra uma amplitude e representatividade da Frente Brasil Popular.

No manifesto ao povo brasileiro a FBP expõe quais são os motivos que justificam a fundação de uma frente. No documento enfatiza que diante de um momento de crise do capitalismo internacional, com consequências para vários países vizinhos e ao Brasil, resultando em grave perigo de perda de direitos e as implicações que isso trará às aspirações fundamentais do povo brasileiro, bem como ao emprego, ao bem-estar social, às liberdades democráticas, à soberania nacional, à integração com os países vizinhos.

Surge a FBP “para defender os direitos, a democracia, outra política econômica, a soberania nacional e a integração regional e as transformações profundas em nosso país”.

Em pouco mais de dois anos de existência a FBP construiu um legado e não há como falar na resistência ao golpe sem mencioná-la. Neste sentido, desempenhou um importante papel na articulação e mobilização em defesa da democracia e contra retirada de direitos.

A FBP empunhou a bandeira do Fora Temer e se posicionou contra as reformas do ensino médio, a PEC 55, as reformas trabalhistas e da Previdência, a terceirização e a venda do pré-sal, fez a defesa das eleições Diretas Já e apresentou o plano de emergência, cujo objetivo visa a superação a crise atual.

A FBP contribuiu para a unidade dos movimentos sociais e partidos, realizando grandes mobilizações no primeiro semestre desse ano, com destaque para a maior greve geral da história do país no dia 28 de abril de 2017, sinalizando a retomada das lutas de massas, embora insuficiente para barrar a instauração de um ajuste neoliberal mais radical do que o aplicado nos anos de 1990.

Entre os desafios colocados para FBP está a do aprendizado com as experiências vividas até aqui, ou seja, de que para barrar os retrocessos só com a classe trabalhadora na rua. Neste sentido faz-se necessário investimento no trabalho de base, formação política, aposta nas articulações e mobilizações para incidir na conjuntura e mudar a correlação de forças postas na sociedade. A nosso juízo a FBP deve lutar por reformas que mudem as estruturas e transcenda os governos. E para tanto faz-se necessário enraizamento nos estados, nos municípios e nos bairros ampliando sua capacidade de mobilização.

A FBP realizará sua 2ª Conferência Nacional sob o lema: Unidade e Luta por Democracia, Direitos e Soberania, nos dias 9 e 10 de dezembro, em Guararema-SP, na Escola Nacional de Formação Florestan Fernandes.

A 2ª Conferência será um importante espaço de reflexão, análise e discussão de temas que propiciem aos movimentos sociais e partidos formular respostas conjuntas para incidir no atual cenário político, a curto, médio e longo prazo.

Entre as questões candentes estará qual a unidade que se busca? Definição se FBP é tática ou estratégica? Qual é o papel de uma Frente em uma conjuntura de golpe e luta de classes? Posicionamento sobre as eleições de 2018?

Em se tratando de uma Frente que congrega movimentos sociais e partidos há que se ater para não a tornar correia de transmissão de partidos, sem negar a importância deles.

Em um ano de eleições será um desafio ao mesmo tempo participar do processo eleitoral e manter as mobilizações contra a retirada de direitos e o debate programático com vistas a um projeto político da classe trabalhadora que perpasse as eleições de 2018.

*Francisca Genilce Gomes é Professora de Sociologia, pesquisadora do Nemos – Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Movimentos Sociais do Programa de Pós-Graduação da PUC-SP – e da coordenação da Escola de Formação Política da Central de Movimentos Populares

 

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