Por Christiane Peres
Sem tanto dinheiro em caixa, visto que sua salvação das denúncias feitas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) custou bilhões aos cofres públicos, e com poucas coisas a oferecer, Maia agrega poder no comando da agenda legislativa.
Logo após o fim da votação que barrou o andamento da segunda denúncia contra o presidente, o democrata apresentou uma agenda própria, com uma Reforma da Previdência “mais enxuta”, além de projetos na área da segurança pública, saúde e regulamentação do setor de óleo e gás.
A própria apresentação dessa pauta, entretanto, já indica a dificuldade extra que Temer terá. Numa indicação de “carreira solo”, Maia não deixou de alfinetar o cambaleante governo. “Temos uma base hoje muito sofrida, que precisa ser reorganizada. Não adianta ficar falando mal daqueles deputados de partidos da base que votaram contra. Mas cada um tem de conduzir a sua relação da forma que entende. Não vou ficar ensinando ao presidente da República, que foi presidente da Câmara três vezes, como ele tem de manter a relação dele com o Parlamento”, disse Maia.
É nesse clima de toma lá dá cá, que o governo tentará aprovar uma mudança constitucional que requer apoio de, no mínimo, 308 parlamentares. Na votação desta quarta-feira (25), Temer conseguiu reunir apenas 251 a seu favor, o que demonstra um pouco da dificuldade que vem pela frente.
Otimismo x realidade
O deputado Chico Alencar (PSol-RJ) lembra que o governo está cheio de “chupim”, ave que se vale de outros ninhos e quando choca expulsa seus donos, o que deve embaralhar ainda mais os próximos passos do governo. “É muita gente se aproveitando de tudo. Por isso, vejo com muito pessimismo qualquer votação mais substancial. Duvido que o governo tenha capacidade argumentativa para avançar nessas pautas”, disse.
Para alguns aliados de Temer, no entanto, o mundo pós-denúncia está “extraordinário” e “cheio de esperança”, como disse o testa-de-ferro, Darcísio Perondi (PMDB-RS), depois do resultado da segunda denúncia. Segundo ele, “agora, Temer vai continuar com tranquilidade, esperança, entrega e dedicação para continuar construindo um novo Brasil, impregnado de esperança”.
O otimismo do gaúcho toma um ar de realidade na fala do também aliado Carlos Marun (PMDB-MS). Mesmo com dancinhas e músicas desdenhando a Oposição, Marun afirmou nesta quinta-feira (26) que o não atendimento de algumas demandas gerou impacto no resultado da votação da denúncia. Temer teve 12 votos a menos desta vez.
“Talvez solicitações de atendimentos complementares que não foram atendidas tenham impactado no resultado. Não é emenda que não foi liberada. Os compromissos que o governo fez, o governo cumpriu. Talvez tenha aparecido lá gente com pedido complementar e daí, com razão, o governo não quis atender”, tentou explicar o parlamentar.
Procurando defender o governo, ele disse que o Planalto fez certo em não ceder à pressão de quem aumentou o valor da conta entre a primeira e a segunda denúncia.
“Se você tem uma base consolidada em 250 votos, os compromissos que o governo assumiu, ele cumpriu. Agora, pode ter gente que [tenha dito] ‘não, aquela denúncia foi uma, agora é outra’ e daí o governo agiu certo em não ceder a este tipo de pedido”, disse.
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