A Telebrás estima que o novo cabo deva gerar uma economia em torno de 15% em relação aos custos atuais e parte disso poderia ser repassada ao consumidor. As tubulações sairão de Fortaleza, chegarão a Portugal e deverão acelerar o fluxo de informações entre o Brasil e o continente europeu.
– Esse novo cabo submarino possibilita a conexão direta com o continente europeu, diminuindo a latência, ou seja, o tempo de resposta das transmissões. Espera-se que com isso haja uma diminuição do custo – conta à agência alemã de notícias DW o coordenador do projeto de cabos submarinos da Telebras, Ronald Valladão.
Atualmente, qualquer comunicação digital precisar passar pelos Estados Unidos. Ou seja, quando um usuário da rede na América do Sul digita um endereço de um site hospedado em um servidor na Europa ou Ásia, essa informação segue primeiro para os EUA, de onde é enviada para o destino. Assim, é necessário pagar duas vezes para que esses dados sejam transmitidos.
Cerca de 80% do tráfego de dados sul-americanos ocorrem dessa forma. O Brasil possui apenas uma ligação direta entre América do Sul e Europa, o cabo Atlantis II. Porém, além de ser antigo e possuir uma capacidade limitada, ele é usado quase que exclusivamente para a telefonia.
Além do Atlantis II, o país possui outros quatro cabos submarinos, todos ligando o Brasil aos Estados Unidos.
Sem relação com espionagem
A medida, anunciada na última semana, faz parte do projeto do governo federal para expandir a infraestrutura de banda larga no país, descentralizando assim esse processo que atualmente tem como base os Estados Unidos. As denúncias do esquema de espionagem da Agência Nacional de Segurança (NSA) americana não teriam sido decisivas para o anúncio da construção do novo cabo submarino.
– A motivação para o lançamento do cabo é econômica, um ganho adicional é a questão da segurança, mas ele seria lançado independentemente dessas revelações com relação à NSA – afirma Valladão. Segundo o coordenador do projeto, a implementação dessa nova ligação aumentará a segurança de transmissões, pois elas estarão livres da ação direta da agência americana.
Além de proporcionar mais segurança e melhor qualidade de serviço, o projeto de infraestrutura pode diminuir as tarifas de internet. “Para o consumidor, a tendência é que caia o preço, com maior qualidade e também maiores taxas de transmissão. Com esse cabo está se criando a facilidade de ter vários links de banda larga e de ela ser compartilhada por vários”, opina Mario Dantas, professor do departamento de Informática e Estatística da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Infraestrutura privada
O cabo será construído e operado por uma empresa privada brasileira, a chamada JVCo (Joint-Venture Company), que ainda está sendo formada. A Telebras possuirá 35%, a espanhola IslaLink Submarine Cables ficará com 45%, e outro sócio brasileiro, provavelmente um fundo de investimentos, terá os 20% restantes.
Além desse projeto, o Brasil tem outros planos na expansão dessa infraestrutura, que prevê a criação de um chamado anel óptico sul-americano. Ele deverá ligar os 12 países do continente por cabos de fibra óptica, além de conectá-los à África e à Europa. Ao todo, cerca de 10 mil quilômetros de cabos de fibra óptica devem ser construídos.
Fonte: Correio do Brasil
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