Por Dayane Santos
Lula então rebateu: “Mas não foi o procedimento na outra ação”, referindo-se à condenação em primeira instância pelo suposto tríplex do Guarujá. Moro mudou o tom de voz, revelando sua irritação com a afirmação do ex-presidente, e disse: “Eu não vou discutir a outra ação. Se nós fôssemos discutir, não seria bom para o senhor”. Em seguida, Moro diz que vai interromper a gravação, mas antes teve que ouvir do ex-presidente: “Eu vou continuar esperando que a Justiça faça justiça nesse país”.
No início do interrogatório, após Moro informar que ele poderia ficar em silêncio, Lula afirmou que queria falar. “Apesar de entender que o processo é ilegítimo e injusto, eu pretendo falar. Talvez eu seja a pessoa que mais queira a verdade neste processo”, afirmou.
Moro, no entanto, demonstrou em vários momentos que preferia o silêncio de Lula. Em uma das ocasiões em que deu a palavra ao ex-presidente, o juiz da República de Curitiba afirmou que não era hora de “discurso de campanha”. “O senhor gostaria de dizer alguma coisa ao final, sr. ex-presidente? Só assim, senhor presidente [levanta a voz]: não é momento de campanha, não é momento de discurso, é para falar do objeto da acusação, se for o caso. Certo?”
Lula reforçou que as ações movidas contra ele se transformaram em perseguição para incriminá-lo e rebateu as acusações do Ministério Público Federal de que recebeu propina da Odebrecht. Disse que a Lava Jato tenta a todo custo transformá-lo no “Power Point” deles, sem provas, apenas convicção.
“Eles [a força-tarefa da Lava Jato] inventaram que o tríplex era meu porque O Globo disse e não é, o senhor sabe disso. Agora, inventaram que o apartamento é meu, e não é, e eles sabem disso. Como inventaram a história do sítio, que é meu, e não é. Ou seja, três denúncias do Ministério Público por ilação, porque eles têm a ideia de transformar o Lula no Power Point deles”, afirmou.
Sobre as acusações feitas pelo ex-ministro Antônio Palocci, Lula negou que tenha feito qualquer tipo de acerto ilícito com a empreiteira Odebrecht. “Se ele fosse um objeto, seria um simulador”, afirmou Lula, se referindo a Palocci.
O ex-presidente salientou que Palocci nem sequer era responsável por assuntos do Instituto, que é a base da acusação. ”Eu vi atentamente o depoimento do Palocci. Uma coisa quase que cinematográfica, quase feita por roteirista da Globo, sabe?”, destacou Lula. “Conheço o Palocci bem. O Palocci, se não fosse ser humano, seria um simulador. Ele é tão esperto que é capaz de simular uma mentira mais verdadeira que a verdade. O Palocci é médico, calculista, é frio”, afirmou.
Moro perguntou se nada do que o ex-ministro disse é verdadeiro. “Nada”, respondeu Lula. “A única coisa que tem de verdade ali é ele dizer que está fazendo a delação porque quer os benefícios da delação. Ou quem sabe ele queira um pouco do dinheiro que vocês bloquearam dele”, afirmou.
Portal Vermelho
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