O anúncio divulgado pelo Ministério do Planejamento semana passada, feito pelo presidente golpista Michel Temer sobre o valor do salário mínimo de 2018 gerou revolta entre a população do país.
A previsão, de acordo com as projeções de inflação, seria de elevar o salário mínimo, que atualmente é de R$ 937, para R$ 979. O governo, no entanto, resolveu baixar em 10 reais o valor, com a justificativa de supostamente conter os rombos nas contas públicas.
No quadro “Falaí” desta semana, a estudante Gleici questiona o porquê da redução e se “é o povo quem vai pagar essa conta”. Quem responde é Guilherme Melo, economista e professor universitário:
“A questão do salário mínimo está ligada a uma regra e ao mesmo tempo uma decisão política. A regra, que foi estabelecida ainda no governo Lula, é de que o salário mínimo tem que subir pelo menos a inflação do ano anterior, mais o crescimento do PIB de dois anos atrás.
O problema é que como o PIB não cresceu, então o governo vai só repor a inflação do ano passado, ou seja, o aumento do salário mínimo do ano que vem vai repor a inflação desde ano de 2017. Como ainda não se sabe qual é a inflação desse ano, porque a gente ainda não chegou ao final do ano, e não se sabe o quanto vai ter de inflação acumulada, então o governo tem revisado pra baixo as expectativas da inflação e, portanto, o aumento no salário mínimo.
A questão política é que o governo poderia sim estabelecer um valor mais alto, um aumento maior do salário mínimo pra incentivar a economia brasileira. No entanto, o governo tem decidido cortar o salário, digamos assim, os direitos trabalhistas e de alguma forma o salário mínimo do povo, ao mesmo tempo que mantém vários gastos que são absolutamente questionáveis, como os gastos com grandes funcionários públicos e desonerações fiscais.”