O voto aberto no Congresso rachou a bancada do PSDB, expondo uma divergência clara entre as bancadas da Câmara e do Senado. Leia, abaixo, a análise do jornalista Josias de Souza, do Uol:
Voto aberto provoca um curto-circuito no PSDB
O debate sobre o fim do voto secreto no Congresso revelou uma nova face do PSDB. Já se sabia que os tucanos discordavam no essencial. Descobre-se agora que não conseguem se entender também nos detalhes. Deu-se um curto-circuito entre o tucanato da Câmara e o do Senado.
Por unanimidade, a bancada de deputados tucanos votou a favor da emenda constitucional que extingue o voto secreto em todas as suas modalidades. Líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP) defendeu a tese segundo a qual não existe meia transparência.
“Enquanto esta Casa não fizer ecoar a indignação da sociedade, não seremos respeitados. Se a sociedade quer o voto aberto, vamos trazê-lo para dentro desta Casa”, disse Sampaio. O deputado Vanderlei Macris (SP), vice-líder do PSDB, endossou-o: “A relação do eleitor com seu representante deve ser transparente, por isso entendemos que o voto aberto precisa se dar em todas as circunstâncias.”
Para o senador Aloysio Nunes (SP), líder do PSDB no Senado, a adoção do voto aberto indiscriminado “é um ato de ligeireza institucional.” Avalia que, “da parte da oposição, é mais que tiro no pé: é tiro no ouvido.”
Aloysio declara-se a favor do voto aberto para a cassação de mandatos. Mas defende o voto secreto para outras votações. Por exemplo: análise de vetos presidenciais e indicações do Executivo para ocupação de cargos públicos.
Ao descer aos exemplos, o senador tucano bateu: “A Câmara aprovou voto aberto para escolha do Procurador-Geral da República e ministros do STF. Um tem atribuição de propor ação penal contra parlamentar federal, o outro, de julgá-lo. É colocar todos em situação de potencial suspeição. Chega a ser indecoroso.”
Em meio aos cristais trincados, o senador Aécio Neves, presidente do PSDB, fez pose de algodão. Acha que as palavras de Aloysio Nunes expressam o “caminho mais adequado”. Gostaria de manter o voto secreto especilmente na análise de vetos presidenciais. Mas avalia que, se não houver alternativa, a posição do deputado Carlos Sampaio é melhor do que nada.
“Vamos aprovar o fim do voto secreto até sem a exclusão dos vetos. Se a opção for entre ficar como está e aprovar o fim do voto secreto para tudo, prefiro aprovar o fim do voto secreto para tudo…”
Brasil 247
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