Poucos dias após ter completado um ano do golpe, foi a vez de Michel Temer sofrer um baque. No início da noite desta quarta-feira (17), uma notícia publicada pelo jornal O Globo estremeceu a política. De acordo com o jornal, os donos da JBS disseram, em delação à Procuradoria-Geral da República (PGR), que gravaram o presidente Michel Temer dando aval para comprar o silêncio do deputado cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), depois que ele foi preso na operação Lava Jato.
A notícia causou alvoroço no Congresso e as sessões tanto da Câmara como do Senado acabaram suspensas. Deputados da Oposição levantaram a denúncia em Plenário e cobraram de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Casa, a instalação de uma comissão para analisar o impeachment de Temer.
Para a líder do PCdoB na Câmara, deputada Alice Portugal (BA), a denúncia para o país. “O presidente da República ilegítimo, mas empossado, é gravado pelo dono da JBS dando aval para comprar o silêncio de Cunha. Ele não pode mais ficar uma hora na cadeira de presidente do país. É necessário que as decisões sejam tomadas para afastá-lo imediatamente e convocar novas eleições no país”, declara.
Segundo O Globo, o empresário Joesley Batista entregou uma gravação feita em março deste ano em que Temer indica o deputado Rodrigo Rocha Lourdes (PMDB-PR) para resolver assuntos da J&F, uma holding que controla a JBS. Posteriormente, Rocha Lourdes foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil, enviados por Joesley.
Em outra gravação, o empresário disse a Temer que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada para que permanecessem calados na prisão. Diante dessa informação, Temer responde: “tem que manter isso, viu?”
Na delação de Joesley, o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, foi gravado pedindo ao empresário R$ 2 milhões. A entrega do dinheiro a um primo de Aécio foi filmada pela Polícia Federal (PF). A PF rastreou o caminho do dinheiro e descobriu que foi depositado numa empresa do senador Zeze Perrella (PSDB-MG).
O dono da JBS disse ainda que pagou R$ 5 milhões para Eduardo Cunha após sua prisão na Lava Jato. O valor, segundo o jornal, seria referente a um saldo de propina que o deputado tinha com o empresário. Ele informou que devia mais R$ 20 milhões por uma tramitação de lei sobre a desoneração tributária do setor de frango.
Para o deputado Rubens Pereira Jr (PCdoB-MA), a denúncia contra Temer é gravíssima e cabe pedido de impeachment. “É obstrução de Justiça. Está tipificado na Lei 1.079/50. É crime de responsabilidade e cabe pedido de impeachment. Não há condições de Temer continuar. Ele já não tinha legitimidade e agora tem que ser afastado”, diz.
O deputado Afonso Florence (PT-BA) também defende o impeachment de Temer. “Se isso é verdade, a gravação tem de ser verificada, mas isso incinera o governo, a reforma da Previdência. O impeachment imediatamente, fica insustentável. O processo tem de tramitar, mas é inexorável”, afirmou. O deputado José Guimarães (PT-CE) disse que já havia motivos para mover um impeachment contra Temer. “Ou se faz isso de abrir o impeachment ou não se faz mais nada no país”, declarou.
A denúncia também repercutiu no Senado. No plenário, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) informou que os parlamentares que fazem oposição ao peemedebista estão “começando a discutir a apresentação de impeachment imediatamente” do presidente Michel Temer.
“É um crise gravíssima na história do país”, comentou, antes de ler, ofegante, a reportagem publicada pelo jornal O Globo. O petista anunciou que a bancada iria se reunir para tratar dos termos do pedido.
Portal Vermelho / Midia Ninja
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