Nesta quinta-feira (11) o jornal argentino Página 12 publicou uma longa matéria sobre a primeira vez em que Lula da Silva e o juiz Sergio Moro estiveram cara a cara para o depoimento do ex-presidente.
Para o diário, a obsessão por parte do magistrado em prender Lula é cada vez mais intensa e descreve o encontro que durou cinco horas e dez minutos.
Página 12 afirma que durante o depoimento, Lula respondeu perguntas com firmeza e algumas vezes foi contundente quando confrontado pelo magistrado. Cristiano Zanin Martins, advogado de Lula, foi confrontado várias vezes pelo juiz Moro, especialmente quando Moro tentou misturar outros processos onde Lula responde.
O noticiário avalia que Sergio Moro foi um pouco inseguro no início do interrogatório, em contraste com um Lula forte e incisivo. “Eu gostaria de lhe assegurar que você será tratado com todo o respeito”, disse Moro, acrescentando, logo depois, que Lula poderia manter a calma, porque ele não seria preso. “Eu estou calmo, e eu quero esclarecer que não haverá perguntas difíceis para mim, porque quando alguém quer dizer a verdade não existe dificuldade.”
O juiz manteve uma longa lista de questões, que se seguiram, sem desvio. Muitas das perguntas foram repetitivas, e Lula deixou claro em suas respostas o que ele já tinha respondido. A insistência de Moro nas mesmas questões teria o intuito de irritar o ex-presidente, que permaneceu incisivo em dizer que estava respondendo a uma acusação que “é uma farsa”. Lula criticou duramente os procedimentos de jovens promotores, liderados por um evangélico com ares messiânicos, e disse que o Ministério Público age “obedecendo a TV Globo, a revista Época, Veja, e ao jornal O Globo”.
Página 12 conta que contra o excesso do juiz em insistir com perguntas giram em torno do mesmo tema, e sua insistência em incluir questões de fora a causa, Lula disse várias vezes que estava pronto para responder ao que se referia a causa específica. Moro, em uma tentativa de pressão, reiterou, em cada ocasião que Lula tinha “o direito de permanecer em silêncio”.
Foi uma surpresa para juristas e advogados o número de perguntas do juiz relacionadas com o Partido dos Trabalhadores (PT), que não tinha nada a ver com o processo. A tentativa de expandir o julgamento a subordinados de Lula quando era presidente causou uma resposta direta:
“Quando um político comete um erro ele é julgado pelo povo, ele não é julgado pelo processo de código penal. Eu fui julgado várias vezes pelo povo”.
Página 12 destaca o desconforto do ex-presidente por conta da insistência com que o juiz mencionou sua falecida esposa, dizendo que era muito difícil de ouvir estas reivindicações. “Uma das causas de sua morte foi a pressão que sofremos. Então, eu gostaria que você não a mencionasse “, disse Lula.
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