Por Laís Gouveia
A pesquisa, que entrevistou no mês de fevereiro 2 mil brasileiros entre homens e mulheres, de 16 a 65 anos, informa também que 9% da população acredita que a decisão deve ser dos maridos/parceiros; 6% o Judiciário; 4% da igreja, 1% da Presidência da República e 1% do Congresso Nacional.
No recorte religioso, o levantamento aponta que 58% dos evangélicos e 65% dos católicos consideram a decisão da interrupção da gravidez exclusiva à mulher.
Em declaração ao Correio Braziliense, Rosângela Talib, coordenadora das Católicas Pelo Direito de Decidir, diz que a mentalidade do brasileiro não está em consonância com a maioria da classe política. “É importante que os deputados, senadores e o presidente conheçam o posicionamento da sociedade, que não condiz com o que está sendo estipulado por nossas lideranças”, pontua.
Lucia Rincon, presidenta da União Brasileira de Mulheres (UBM), avalia que a luta dos movimentos de mulheres garantiu avanços, mas precisa continuar se fortalecendo. “Converge com o progresso conquistado na abordagem dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher, o trabalho feito junto à sociedade brasileira mostra que há uma evolução em relação à autonomia das mulheres em determinar a sua vida, podendo gerir com independência sua opção”, explica.
Situação do aborto no país
Segundo o código Código Penal Brasileiro, cometer um aborto hoje no Brasil é considerado crime contra a vida humana, prevendo prisão de um a três anos pela inciativa da interrupção da gravidez de forma não espontânea. Exceção à essa regra, encontram-se os casos de microcefalia, estupro e quando a gestação representa um risco para vida da gestante.
No último dia 8 de março, o PSOL e a ONG Anis entraram como uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gravidez.
A ação foi encaminhada pela Ministra do STF Rosa Weber ao Senado, Câmara dos Deputados e à Presidência da República, que prontamente vetou a possibilidade. Segundo afirma o planalto, “os representantes políticos da sociedade brasileira têm optado pela proteção dos interesses dos nascituros”.
Enquanto a classe política criminaliza mulheres que optam pela interrupção da gravidez, estima-se que mais de 500 mil tenham praticado aborto no Brasil em 2015, na maioria das vezes em condições precárias, insalubres e sem a presença do Estado.
Portal Vermelho
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