Por Tereza Cruvinel*, no Brasil 247
Os sinais vieram da economia, da Lava Jato, das pesquisas, da vida real e do mundo simbólico, a exemplo do que houve nesta sexta-feira (17) na entrega do prêmio Camões: uma das maiores estrelas de nossa literatura denunciou o golpe e suas degenerações autoritárias. Foi desancado pelo ministro da Cultura. O plano golpista fracassou mas o país ainda não encontrou uma saída. Se ela não vier antes de 2018, a resposta virá das urnas mas a terra estará mais arrasada e a restauração terá custo maior.
Na economia, a divulgação, pelo próprio BC, de um índice prévio que aponta para uma queda do PIB de 2016 da ordem de 4,55% negativos é a coroação do fracasso. Na esteira deste mergulho recessivo vêm o desemprego, a contração na renda e na massa salarial, a corrosão da qualidade de vida dos que trabalham. A promessa de colocar o país nos trilhos foi um engodo. Venderam a idéia de que, removendo Dilma e o PT do governo, os agentes econômicos imediatamente receberiam uma visita do espírito santo da confiança e tudo começaria a correr bem. Deu-se o contrário. A ilegitimidade do governo, sua vulgaridade e seu cinismo sugerem cautela, pé atrás e desconfiança.
No campo ético-político o projeto do golpe também fracassa, apesar de todos os esforços para “estancar a sangria” da Lava Jato, como a indicação de Alexandre de Moraes para o STF e a blindagem de Moreira Franco. Lá de Curitiba Eduardo Cunha avisa, ao apresentar novas 21 perguntas capciosas a Temer, que está no limite. Ou o tiram de lá, ou vai delatar. Setores do Supremo ensaiam prestar mais este favor ao governo. Mais manobras, entretanto, só farão aumentar a percepção do povo, de que a promessa de moralização foi outro embuste, um estelionato político sem eleições. Tomaram o governo para poder manobrar e livrar a cara de todos.
A pesquisa MDA-CNT também trouxe avisos claríssimos do fracasso do golpe. A rejeição a Temer subiu para 62% e a aprovação caiu para 10%. E na sondagem para a eleição presidencial, Lula apareceu com a maior preferência em todos os cenários. Alcança 30% no primeiro turno se o candidato tucano for Aécio Neves, e 31% se for Alckmin. Os dois tucanos perderam musculatura eleitoral. Marina Silva e o ultra-direitista Bolsonaro disputam o segundo lugar.
O que significa a ressurreição de Lula com 30% – depois de toda a perseguição judicial que vem sofrendo, depois da demonização do PT e apesar da ladainha diária da mídia e da oposição, culpando os governos petistas pelo descalabro econômico – senão o fracasso do golpe em seu objetivo mais estratégico, que não era derrubar Dilma mas, principalmente, evitar uma volta de Lula e mandar o PT para um longo degredo na oposição.
Que saída pode haver antes de 2018? Se Cunha delatar Temer, teremos um escândalo mas não uma solução. O presidente da República não pode ser processado por atos estranhos (ou anteriores) ao exercício do mandato. Resta o TSE, se houver a cassação da chapa Dilma-Temer num julgamento que o ministro Gilmar Mendes vai retardar ao máximo. Se os que resistiram e os que se disiludiram com o golpe se juntarem para ir às ruas, como fizeram os que pediram o impeachment de Dilma, podemos ter o cenário para uma saída antecipada. Fora disso, o país vai sangrar até 2018, até que venha a resposta eleitoral que começa a tomar forma.
*Colunista do Brasil 247
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