A política de transferência dos chefões da organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), nascida em 1993 no presídio paulista de Taubaté, acabou “exportando” a facção para outros Estados, segundo especialistas em segurança pública, que citam este entre outros vários motivos para o crescimento. Cerca de 23 anos depois, possui ramificações em todos os Estados brasileiros, com mais ou menos força. Segundo o Ministério Público de SP, em outubro de 2014, a facção tinha cerca de 10 mil criminosos afiliados, 26% deles fora do Estado. Hoje, quando trava uma guerra com outras quadrilhas para dominar rotas e monopolizar o tráfico de drogas no país, possui cerca de 21,5 mil “batizados”, 64% deles para além da fronteira original.
As informações são de reportagem de Rogério Gentile na Folha de S.Paulo.
“Os dados são naturalmente imprecisos, dada a óbvia dificuldade para apurá-los, mas incontáveis escutas telefônicas mostram a intenção estratégica da facção de se espalhar pelas cinco regiões do Brasil –o PCC já “batizou” cerca de 3,5% da população carcerária, calculada em torno de 607 mil pessoas. Parece pouco, mas é quase o número total de funcionários da Volkswagen no Brasil.
O início do processo de migração do PCC, no entanto, foi estimulado irrefletidamente pelo governo paulista que, na tentativa de desarticular o movimento que ganhava força nos presídios do Estado, transferiu em 1998 os seus cabeças para o Paraná, numa operação cercada de discrição. “O efeito foi o contrário”, diz o promotor Lincoln Gakiya, que atua na região Oeste do Estado.
José Márcio Felício, o Geleião, e César Augusto Roris da Silva, o Cesinha, estavam entre os transferidos.
Fundadores do “partido do crime”, Geleião e Cesinha incentivaram a criação do Primeiro Comando do Paraná, que logo mostrou sua face com três rebeliões. Atualmente, o Estado é um dos mais importantes braços da organização.
Marcola, o principal chefe da facção, assim como outros “capos”, também passeou bastante pelos presídios do país. Esteve no RS, em DF, GO, MG, circulando por várias penitenciárias e disseminando a cartilha do PCC. Em Brasília, por exemplo, criou o PLD (Partido Liberdade e Direito), nome bonito para uma associação que chegou a carbonizar detentos inimigos durante rebeliões.”
Brasil 247
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