Chuva faz estragos e desabriga família em Catalão
Por: Cleber Borges
Muita lama, águas turvas e transbordando, lixo e cascalho espalhado por todos os lados, destruição, risco de rompimento de diques e medo de morte. Guardada as devidas proporções, esse cenário depois da chuva de quinta-feira (29) nas imediações das quatro represas do bairro Monsenhor Souza lembrou o desastre ambiental das barragens da Samarco, ocorrido no ano passado no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais e no Espírito Santo.
As represas e uma mata (APP) existente à montante da 1ª delas compõem o Complexo Ecológico Francisco Cassiano, um dos principais pontos turísticos de Catalão.
Como toda tempestade, ela aconteceu num período curto de menos de duas horas. Os estragos aconteceram por toda a cidade, mas, em especial no bairro Monsenhor Sousa. Logo no início, por volta das três da tarde, a ventania derrubou um muro e um portão numa casa e um frondoso Ipê que ficava em frente à outra na Rua Fagundes Varela. Mais tarde, pra liberar o trânsito, os moradores tiveram que cortar a árvore com motosserra.
Em poucos minutos, a água e o entulho que escorreram nas ladeiras das ruas transversais encheram a primeira represa que, num efeito cascata, transbordou para as outras três. O volume da água era tamanho que ultrapassou o talude das barragens e tomou todo o leito da Rua Porto Nacional, uma das vias laterais do Complexo Ecológico.
Ao lado e a menos de dez metros da última represa, justamente na parte mais baixa do vale, seis famílias insistem em manter suas respectivas casas naquela área de risco, apesar de o ex-prefeito Adib Elias ter tentado inúmeras vezes retirá-las quando ele construiu aquele Complexo no seu primeiro mandato.
A água que chega volumosa e com toda força naquele local causa pânico inclusive em que não vive nas imediações. Kênia Pires, uma costureira que mora numa dessas casas há mais de 16 anos disse ter medo, que gostaria de sair dali, mas que dificilmente alguém iria comprar a casa dela.
“Se a prefeitura fizer uma indenização justa, a gente sai”, diz. Vizinhos afirmam, no entanto, que essas seis famílias permanecem no local exatamente por terem supervalorizado seus imóveis quando da construção das represas.
Apesar do impasse, a mesma moradora acredita que Adib Elias é quem irá dar solução para as enchentes. Segundo ela, ele prometeu que, se eleito para o terceiro mandato – como de fato foi – ele iria aumentar a vazão da água entre a quarta represa e o canal que o ex-prefeito Velomar Rios construiu ao lado do estádio Gernevino da Fonseca. Kenia Pires afirma que essa seria a solução, inclusive para interligar a Rua Porto Nacional entre os bairros Monsenhor Sousa e Pio Gomes.
Assoreamento e matagal nas represas: consequência do abandono
Após a tempestade, vários moradores e curiosos ficaram assistindo incautos motoristas tentando enfrentar a correnteza, que arrastava lixo e vários objetos, inclusive móveis e utensílios domésticos como cadeiras, panelas e bacias. Na ladeira da Rua 31 de março, alguns diziam que todo esse estrago ocorreu por falta de manutenção.
“A prefeitura não construiu as caixas de contenção na parte alta do bairro e nem fez a dragagem da areia e do cascalho no leito das represas, como era feito todo ano. Agora, elas estão completamente abandonadas”, disse um morador que não quis se identificar. Havia consenso entre eles que o Complexo Ecológico esteve abandonado nos últimos quatro anos porque o local é conhecido como “Represas do Adib” e que, exatamente pela rivalidade política, o atual prefeito não teria dado atenção ao local.
O estrago da chuva foi grande, mas particularmente na Rua Madre Esperança Garrido. Lá, a água contida no terreno do condomínio popular do bairro Jardim Europa derrubou o muro de uma casa e afetou outras duas. Nelas, a enxurrada entrou e destruiu fogões, geladeiras, sofás, guarda-roupa, tevês, computador, roupas, mantimentos e brinquedos.
Na casa 225, a moradora Raimunda da Silva Alexandria (36) e seus cinco filhos só não morreram afogados porque foram socorridos por uma amiga e uma parente que a visitavam naquele momento. A maioria de seus pertences desceu enxurrada abaixo. Para completar o estado de penúria da vitima, ela ainda está grávida de gêmeos.
Uma equipe de TV e outra do Corpo de Bombeiros estiveram no local. Esta última desconectou a rede elétrica e ajudou a promover parte da limpeza dos imóveis. No final, os militares emitiram o que eles chamam de Registro de Atendimento Integrado, que pode respaldar essas famílias a buscarem ressarcimento dos prejuízos.
Com cinco filhos, esperando outros dois e praticamente sem nenhuma mobília dentro de casa, a dona de casa Raimunda Alexandria não pretende acionar o município ou o condomínio vizinho, mas apenas remontar a humilde casa em que mora para dar o mínimo de conforto aos filhos. Segundo ela, o salário de apenas R$ 1.100 do marido não é suficiente. A maranhense disse que foi bastante ajudada quando chegou à região e que espera continuar contando com a bondade do povo catalano.
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