A presidenta criticou a PEC 55 aprovada no primeiro turno no Senado na última terça-feira (29) e desaprovou à violência da polícia contra estudantes e professores que participaram de protesto contra a mudança na Constituição.
“Retira do direito, da decisão do voto, quanto se destinará a cada segmento, porque ao congelar o investimento, congela o voto. E o povo, as mulheres inclusive, vai ser levado a acreditar que não precisa votar.” Ela demonstrou preocupação com outros projetos que vão afetar diretamente a mulher: A terceirização, a precarização a superexploração do trabalho. “O peso dessas medidas vai recair mais sobre as mulheres.
A lógica dos privilégios, que ganha ares de legitimidade em tempos de exceção, também foi atacada como ameaça ao amadurecimento das relações de gênero. Dilma lembrou que até o final do século 19 o Brasil era uma nação escravocrata. E que os reflexos dos 300 anos de escravidão, como o preconceito racial e a discriminação, perduram em todas as instâncias.
“O pensamento aceito na época, de que uma minoria branca e rica tinha poder de vida e de morte sobre a maioria da população afrodescendente escravizada, ainda persiste e afeta mais a mulher, em especial a mulher negra e pobre – a maior face da miséria. Está por trás de histórias como a babá que, mesmo nos dias de hoje, não pode se sentar com patrões em clubes chiques do Rio de Janeiro, de existirem elevadores de serviço disfarçados de elevador de carga, e na desfaçatez de magistrados, como o atual secretário de Educação do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), Renato Nalini. Falo disso porque as mulheres são as mais prejudicadas. Por isso tenho orgulho de ter sancionado a lei das empregadas domésticas”, seguiu Dilma
Gênero
O país que sempre esteve atrasado quanto à paridade de gênero – o cumprimento da cota de mulheres na política sendo feito de maneira burocrática, num sistema político viciado – hoje experimenta retrocessos. “Hoje estão destruindo nossa capacidade de fazer política. Temos de discutir a representação da mulher em condições de igualdade. Ter conseguido direitos e espaços não quer dizer que basta, mas que é preciso avançar mais”.
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