O PIB recuou 0,5% no terceiro trimestre deste ano. Embora o fato esteja sendo explorado de forma enviesa pelas forças conservadoras, que cobram mais do mesmo (pressionando por doses adicionais de arrocho fiscal), não há como fugir à constatação de que se trata de um desempenho frustrante para os que lutam pelo desenvolvimento nacional, muito aquém das possibilidades e das necessidades nacionais.
O Brasil deve fechar o ano com um crescimento pouco acima de 2%. Com isto, a economia continua a descrever o que alguns economistas classificam de voo de galinha. Apesar do baixo nível de desemprego, o cenário não é confortável, muito menos quando se leva em conta o crescimento do déficit em conta corrente e a persistente instabilidade cambial.
Em que pese o cenário ainda marcado pela crise crônica da economia internacional, bem como da ordem capitalista liderada pelos EUA, o comportamento medíocre da economia é um testemunho eloquente dos efeitos perniciosos da política econômica de viés neoliberal, que foi no essencial mantida por Lula e por Dilma, apesar de mudanças positivas como a valorização do salário mínimo, o Bolsa Família e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O famoso tripé – composto de juros altos (consagrados pelo Copom na última reunião do ano, em 27-11), superávit primário, obtido à custa de dolorosos cortes nos gastos públicos, e câmbio flutuante – tem se revelado um veneno para a economia nacional, constituindo hoje provavelmente o maior obstáculo ao desenvolvimento nacional e ao atendimento das demandas do nosso povo por saúde, educação, transporte público de qualidade e valorização de trabalho.
Não restam dúvidas de que a queda do PIB no terceiro trimestre deste ano tem tudo a ver com a política econômica, que objetivamente reduz a demanda interna, o consumo e também os investimentos, e reduz o ritmo de expansão das atividades. Para piorar a situação o governo promoveu desonerações indiscriminadas que não reverteram em investimentos produtivos e esvaziaram os caixas dos governos, diminuindo a arrecadação de impostos e impondo novos limites aos gastos públicos.
Conforme a CTB tem reiterado em suas resoluções, notas e documentos, é imperioso mudar a política econômica (reduzindo juros, controlando o câmbio e extinguindo o superávit primário) para que o Brasil possa avançar no rumo de um novo projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho, soberania e democracia.
*Adílson Araújo é presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)
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