A judoca Rafaela Silva conquistou nesta segunda-feira (8) a primeira medalha de ouro para o Brasil nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. Vítima de ofensas racistas quando foi eliminada nas Olimpíadas de Londres, em 2012, a atleta lavou a alma dos brasileiros. O desabafo de Rafaela ao final calou os racistas que costumam usar a rede social para humilhar e constranger. A atleta afirmou que “você não depende de cor para ser campeão”.
Atleta negra, moradora da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, onde começou a treinar judô, Rafaela guardou por quatro anos a frustração pelo erro que a eliminou da competição e que provocou ofensas a ela pela rede social, quando foi chamada de macaca.
“E agora eu estou aqui, campeã mundial, mostrando para todos que me discriminaram que você não depende de cor, de raça, nem de dinheiro para ser campeão e conseguir sua medalha”, declarou Rafaela ao final da luta.
Falando especificamente sobre os ataques racistas de que foi vítima Rafaela afirmou: “Já passou, tem quatro anos. Eu só posso falar: o macaco que tinha que estar na jaula em Londres hoje é campeão olímpico em casa. Hoje eu não sou a vergonha para a minha família”.
O pai de Rafaela, Luiz Carlos, assistiu hoje de perto a filha ser campeã. Ele lembrou que deixou de ver muitas competições de Rafaela por não ter dinheiro para pagar o transporte da Van.
Eu falava pra ela: “filha, eu quero ir, mas não tenho dinheiro mas sua mãe vai e vai contar pro seu pai como foi”.
A força da periferia
O ex-judoca Flávio Canto, ainda muito emocionado com a conquista da judoca, lembrou que o técnico de Rafaela, Geraldo Bernardes, foi um dos responsáveis pela recuperação da atleta.
Flávio é um dos idealizadores do Instituto Reação, que atua junto a comunidades carentes do Rio de Janeiro e promove a inclusão através do esporte e da educação. O ex-atleta acompanhou de perto a recuperação de Rafaela após a Olimpíada de Londres.
“Do jeito que ela lutou hoje, atropelando todo mundo, o Geraldo que costuma falar para ela “botar a favela pra fora”, para deixar ela com sangue nos olhos, é o cara mais importante nessa história, na formação da Rafaela.
Feliz por sua trajetória da periferia ao pódio olímpico, Rafaela declarou: “É muito bom para as crianças que estiverem agora assistindo o judô. Se eu pude ajudá-las com esse resultado. Mostrar que uma criança que começou no judô por brincadeira hoje é campeã mundial e campeã olímpica. É inexplicável. Se elas tiverem um sonho, têm que acreditar, porque ele pode se realizar”.
Redes sociais
A vitória de Rafaela provocou uma enxurrada de elogios nas redes sociais. “E você venceu negra, mulher, favelada. Mostrou para o mundo o seu poder. Você é ouro”, foi uma das mensagens veiculadas no twitter.
Portal Vermelho