Não é mistério, em Brasília, que o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) montou uma base de apoio parlamentar própria a partir do dinheiro. Assim ele se tornou líder do PMDB e, em 2015, presidente da Câmara dos Deputados.
O que se estima, no parlamento, é que Cunha tenha, ao menos, 150 deputados fiéis, além de pelo menos uma dezena de senadores – e isso sem contar em alguns dos ministros mais próximos do presidente interino Michel Temer.
Depois de ontem, quando viu seu processo de cassação avançar no conselho de ética da Câmara dos Deputados, Cunha ficou sem saída. Isso porque, no mesmo dia, um juiz do Paraná determinou o bloqueio dos seus bens, dos seus familiares e também de suas empresas, como a emblemática Jesus.com (leia mais aqui).
Na prática, Cunha já perdeu a honra, os recursos de suas contas na Suíça, o patrimônio no Brasil e está prestes a perder o mandato parlamentar. Além disso, sua esposa, Cláudia Cruz, e sua filha, Danielle Dytz, estão no radar do juiz Sergio Moro. A justiça exige ainda que ele devolva cerca de R$ 100 milhões aos cofres públicos.
Diante desse quadro, ele só tem uma saída para atenuar sua pena e de sua família: revelar os nomes dos mais de 150 parlamentares que comprou para se tornar presidente da Câmara dos Deputados.
Caso se concretize, a delação do presidente afastado da Câmara será a mãe de todas as delações, abalando o governo interino de Michel Temer, que, sem Cunha, perderia seu maior aliado e seu principal pilar de sustentação no Legislativo.
Brasil 247
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