A divulgação do conteúdo da conversa de Romero Jucá, principal articulador do governo interino de Michel Temer, sobre como foi tramado o impeachment não surpreendeu lideranças dos movimentos sindical e social brasileiro. Integrantes das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo afirmam que diante das escutas ficou impossível negar o golpe que afastou a presidenta Dilma Rouseff do cargo. Eles prevêem que a nova situação vai intensificar as mobilizações de rua.
Por Railídia Carvalho
Manifestação de domingo (22) no trajeto para o protesto em frente a casa de Michel Temer, em São Paulo.
A reação ao retrocesso trazido pelo governo golpista de Michel Temer foi instantânea. E tende a crescer, segundo Guilherme Boulos, coordenador do Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), entidade que faz parte da Frente Povo Sem Medo.
No domingo (22), a frente reuniu 40 mil pessoas em um acampamento em frente à residência do presidente ilegítimo. A iniciativa foi violentamente reprimida pela Polícia Militar do estado de São Paulo.
“Até ontem (23 de maio) poderíamos admitir que quem fosse de boa fé ainda negasse que foi um golpe. Agora depois de ontem quando a anatomia do golpe foi expressa de forma clara por um dos articuladores é impossível negar o caráter golpista do impeachment”, declarou Boulos, por telefone, ao
Portal Vermelho.
Na opinião do dirigente, a revelação da trama fortalece a ilegitimidade de Temer. “Certamente levará a um caldo de rua com a intensificação das mobilizações de denúncia do golpe e construção de novas saídas”, previu a liderança do MTST.
Movimento social denunciou trama
O presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) Adilson Araújo, organização que atua na Povo Sem Medo e Frente Brasil Popular, classificou como “farsa” o golpe para derrubar Dilma. Em entrevista ao portal CTB, ele lembrou que a tática da direita é denunciada há um ano pelo movimento social. Adilson cobra punição.
“Com certeza o Supremo Tribunal Federal tem que se pronunciar sobre mais esse escândalo. Romero Jucá, bem como o governo ilegítimo de Temer, não deve sair impune desse grave episódio, que envergonha a nação e põe em cheque nossas instituições”, enfatizou Adilson.
Na opinião do dirigente é hora de devolver o mandato legítimo da presidenta. “A máscara do golpe caiu. Unidade e luta, agora, serão fundamentais para barrar a sanha golpista e devolver o mandato da presidenta Dilma Rousseff, sobre quem não pesa nenhuma acusação”.
Anulação do impeachment
Sérgio Nobre, secretário geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), integrante das duas frentes, afirmou que os movimentos sociais estarão nas ruas “mais convictos” pressionando pela anulação dos processos de impeachment no Congresso Nacional.
“A gravação feita om o Romero só confirma o que as centrais e o movimento social tem dito que o que está acontecendo é um golpe articulado pelo Congresso Nacional, Senado e um parcela do judiciário que não tem legitimidade. A gente viu que a intenção era suspender as investigações da lava jato com obetjivos espúrios e afastar uma presidenta que não tem nada que deponha contra ela”, observou Sérgio.
Está prevista para esta quarta-feira (25) a divulgação da data em que ocorrerá a mobilização nacional, no mês de junho, reunindo todos os movimentos e entidades representativas da luta social brasileira. As iniciativas espontâneas em rechaço ao governo Temer também serão convidadas a se incorporar a essas manifestações.
Fora Temer se amplia Boulos comentou sobre os atos espontâneos que tem sido realizados por amplos setores da sociedade. “São expressão de uma indignação popular em relação ao processo golpista. As pessoas não aceitam o golpe. Muitos que foram as ruas até defender o impeachment não defendem o governo Temer”, observou.
Portal Vermelho