A noite de domingo (15) foi sombria para Michel Temer, ocupante ilegítimo da Presidência da República por força do golpe jurídico-midiático-parlamentar. O esforço da redeGlobo para dar alguma legitimidade a Temer impulsionou o primeiro grande protesto nacional contra o presidente sem votos. A ocasião escolhida foi durante o Fantástico, que por sua vez não vive seus melhores dias de audiência. No roteiro do programa uma entrevista com Michel Temer somou-se a outras matérias, dentre elas uma visita a um vilarejo libanês onde residem seus parentes e uma entrevista com Henrique Meireles, ocupante do ministério da Fazenda, com o intuito de sinalizar para o mercado com medidas para, supostamente, conter a crise.
Antes mesmo da entrevista ir ao ar na íntegra, houve registros de protestos. “Fora, Temer!” e “Golpista!” eram as palavras de ordem mais gritadas das janelas dos prédios, de onde também partiram apitaços e panelaços. Os protestos durante a entrevista foram registrados no Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Fortaleza, Brasília, Niterói e outras centenas de cidades em todo o Brasil.
Já na entrevista com Henrique Meirelles houve panelaço ainda sem muita intensidade. Durante a reportagem sobre a repercussão em um vilarejo do Líbano – onde familiares de Temer moram – do fato dele ocupar interinamente a Presidência, panelaços e apitaços também foram ouvidos.
“Mundo feminino”
Confrontado com as críticas pelo fato de não haver mulheres em nenhum dos ministérios anunciados, Temer citou a chefia de gabinete da Presidência da República, cargo exercido atualmente por Nara de Deus Vieira. “Contesto a afirmação de que não há nenhuma mulher. Um dos cargos mais importantes da República é a chefia de gabinete da Presidência, ocupada por uma mulher. Aliás, no dia da reunião ministerial, ela participou. É um dos principais cargos, não digo que esteja acima dos ministros, mas evidentemente tem uma prevalência muito grande em relação ao ministério.”
Apesar de refutar as críticas, Temer afirmou que pretende chamar mulheres para cargos de secretaria. “Para a Cultura, quero trazer uma representante do mundo feminino. Para a Ciência e Tecnologia e Comunicações, quero trazer uma representante do mundo feminino, e também na chamada Igualdade Racial, Mulheres e etc., que passou a ser Cidadania, eu quero trazer uma mulher. Portanto, terei no mínimo quatro mulheres integrantes do ministério”, disse, minimizando o fato de essas funções não terem status de ministro. “Há pessoas que se seduzem com a historia de ser ministro ou não. Eu já exerci funções sem ser secretário de Estado e desenvolvi trabalhos extraordinários.”
Lava Jato, previdência e popularidade
Ao ser questionado pelo fato de o ministro Romero Jucá ser investigado na Operação Lava-Jato, Temer lembrou que ele ainda não é réu e que, caso isso venha a acontecer, vai “examinar” o que fazer.
Temer afirmou ainda, com relação à Previdência, que qualquer mudança que “vulnere direito adquirido” não será feita. Contudo, admitiu mudança de regras: “As chamadas regras de transição muitas vezes não ferem o direito adquirido porque apanham aqueles que ainda estão para se aposentar. Essa matéria não está definida. O que não é possível é não fazer nada ou, daqui a alguns anos, quem sofrerá as consequências serão exatamente os aposentados.” Este assunto já gerou um racha na base de Temer por parte do deputado Paulinho da Força que criticou a possivel fixação da idade mínima para aposentadoria em 65 anos.
Sobre os programas sociais, Temer garantiu sua permanência, porém se o mesmo papel de fomentadores da economia que têm até o momento. “Quando eu disse ‘olhe, eu vou manter o Bolsa Família e outros programas sociais’ é na concepção mais absoluta de que há de haver uma certa proteção para aqueles que não têm por conta própria a possibilidade de sobrevivência. Se for necessário cortarei de outros setores, não cortarei daqueles mais carentes no país.”
Em que pese ser inelegível por conta da Lei da Ficha Limpa, Michel Temer também comentou sobre a possibilidade de reeleição, caso permaneça na função após os 180 dias de afastamento da presidenta Dilma Rousseff. “Não é a minha intenção. Assim eu posso ser até, digamos assim, impopular, mas, desde que produza benefícios para o país, para mim é suficiente.” Sobre ser candidato: “É uma pergunta complicada.. Em nenhuma hipótese… De repente, pode acontecer.”
Portal Vermelho
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