Um dos principais apoiadores do impeachment, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reiterou que a presidente Dilma Rousseff é honesta, mas deve sair por ser vítima de “um processo político”. “A Dilma não é criminosa. O processo é político. Com base jurídica, mas é político. Quando você perde a capacidade de agregar e de dar direção ao país, fica numa posição frágil”, diz.
Em entrevista à ‘Folha de S. Paulo’, ele disse ainda que o PSDB tem obrigação de aderir ao eventual governo de Michel Temer, inclusive com cargos, por ter ajudado a derrubar Dilma: “ O PSDB tem responsabilidade política pelo que está acontecendo, porque apoiou o impeachment. Então não pode simplesmente dizer não entro [no governo]. Eu sou propenso a entrar desde que as condições sejam explicitadas. Entrar como partido, indicando nomes, porque a situação do Brasil é mais grave do que aparece”, afirma.
Sobre o futuro, ele disse que a sociedade terá que inevitavelmente aceitar mais impostos e menos gastos sociais: “Não se trata de cortar, se trata de dar um sentido mais realista e eficiente aos programas. Todos os programas do Brasil padecem da falta de avaliação. Isso não é ser de esquerda nem de direita, isso é ser racional. O governo, queira ou não, não tem mais de onde tirar dinheiro. Eu nem vou discutir aumento de imposto, porque vai haver”.
Também sinalizou que o PSDB poderá ficar a reboque do PMDB, ao dizer que Temer terá todo o direito de disputar a reeleição: “É bom para o PSDB? Não, o PSDB quer ir direto para o governo, mas se Temer for bom, e o Brasil quiser isso…”. Afirmou que Temer “tem a legitimidade democrática, porque teve tantos votos quanto a Dilma, embora muitas pessoas não saibam”, mas que seu sucesso depente, em grande medida, da capacidade que tem em aglutinar.
Quanto ao PT, disse que o partido ‘tem enraizamento, portanto ele vai permanecer’: “E é bom que permaneça. Erradicar o PT, criminalizar o PT não tem o meu apoio” – leia aqui.
Brasil 247
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