Por Sérgio Luiz Leite*
Se a Ponte de Temer for mesmo erguida, os ricos e poderosos a cruzarão em comboios de primeira classe, deixando o povo para trás em jardineiras sacolejantes.
Uma pista neste sentido, muito mais segura que o pronunciamento trapalhão e antecipado que Temer viu ser vazado para a galhofa de todo o mundo político, é o documento Uma Ponte para o Futuro. Ali está, afinal, o rascunho do que ele e seu governo pretendem fazer ao País. De tantos ataques frontais aos direitos trabalhistas ali contidos, o certo é chamar esse alfarrábio de Uma Ponte para o Passado.
Traçado nos salões da Fiesp e com a chancela de economistas ultraortodoxos, como o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga – aquele mesmo que, ao assumir o posto no governo de Fernando Henrique Cardoso catapultou a taxa básica de juros para 42% ao ano –, a tal Ponte já vai sendo vista no movimento sindical como uma ‘pinguela’, tal a insegurança que provoca nos trabalhadores.
Temer, que na mensagem vazada à mídia falou em “sacrifícios”, na verdade vai querer, na prática, o sangue da classe trabalhadora. A pretexto de reconduzir a economia aos eixos, ele reapresenta as velhas fórmulas de reforma da Previdência Social e de flexibilização de direitos.
Nenhuma via da tal Ponte indica um caminho para a cobrança de mais impostos sobre ganhos de capital ou em cima de grandes fortunas. Não há nenhuma placa indicativa de que os rentistas – aqueles que vivem de renda – terão de, finalmente, dar uma verdadeira contribuição ao País. Uma pista com caminho aberto para uma política de garantia de emprego ou incentivo ao investimento produtivo, igualmente não há.
De Temer do alto de sua Ponte o que podemos esperar são boicotes à CLT, à organização sindical e ao diálogo com as forças produtivas. Certamente ele vai preferir proteger os interesses do grande capital, dos banqueiros e das multinacionais do que enfrentar o debate franco e honesto com entidades de classe e a sociedade organizada. A conferir.
Se a Ponte de Temer for mesmo erguida, o que se tem até agora é um projeto estreito e excludente, no qual os ricos e poderosos a cruzarão em comboios de primeira classe, deixando o povo para trás em jardineiras sacolejantes.
Na direção oposta do que o Brasil precisa, deverá servir como passagem para uma volta ao passado no qual as contas das crises sempre recaiam sobre os ombros dos trabalhadores. Uma ponte que não nos serve.
*É presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo (Fequimfar) e 1º Secretário da Força Sindical
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