Foi visível a mudança de humor de Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, na sessão de ontem do Supremo Tribunal Federal. Enquanto ainda pairava a dúvida sobre se ele poderia ou não executar as penas dos principais réus da Ação Penal 470, incluindo nomes como José Dirceu e José Genoino, ele era o Barbosa de sempre. Agressivo e, muitas vezes, prepotente. Chegou a acusar todo o plenário de fazer “chicana” e, ao ser contestado por Teori Zavascki, afirmou que “fala o que bem entende”.
No fim da sessão, quando questionou Carmen Lúcia sobre seu voto e teve a certeza de que poderá prender, nas próximas horas, os principais réus do processo, Barbosa tirou um peso das costas e voltou a sorrir. Num determinado momento da sessão, Marco Aurélio Mello lançou no ar a suspeita de que um ministro irá se aposentar nos próximos 15 dias, referindo-se ao próprio Barbosa. O presidente do STF, no entanto, se fez de desentendido.
No entanto, essa possibilidade é real e sua saída do STF é dada como quase certa por vários ministros. Assim, o personagem que ganhou notoriedade com a ação poderá realizar sua verdadeira ambição: a política. Retratado numa capa recente de Veja como “o menino pobre que mudou o Brasil”, Joaquim Barbosa tem convites do PSDB para ser candidato ao governo de Minas Gerais e até vice de Aécio Neves, que já deixou claro estar em busca de um vice com perfil popular – vindo de fora dos quadros da política tradicional.
Barbosa, no entanto, pode concorrer até a presidência da Repúbilca, uma vez que a lei dá aos juízes um privilégio, retardando o prazo de filiação partidária. Ou seja, ele tem até março do ano que vem para tomar uma decisão.
A possibilidade de se candidatar foi insinuada por ele próprio numa entrevista recente a jornalistas. “Eu não tenho no momento nenhuma intenção de me lançar candidato à Presidência da República. Pode ser que no futuro surja o interesse”, disse (Saiba mais).
Essa eventual troca da toga pela política, no entanto, poderia marcar a desmoralização completa da Ação Penal 470. Afinal, quando será que Barbosa terá se transformado num político: após a aposentadoria ou durante o próprio julgamento?
Esse ponto também foi abordado numa coluna publicada por Marcelo Coelho, hoje, na Folha. Leia abaixo:
Barbosa se aposenta no STF?
No meio das inúmeras discussões, farpas e arrufos da última sessão do STF, nesta terça-feira, uma insinuação estranha apareceu.
Marco Aurélio Mello fez várias provocações a Joaquim Barbosa, que respondeu bem mal –chegou a apontar para a conhecida “vaidade” de seu colega. Como se não houvesse vaidosos de todos os lados.
Pois bem, com seu típico sorriso de quem sabe das coisas, Marco Aurélio pediu a Barbosa que esclarecesse certos rumores.
Tinha ouvido falar que alguém do plenário iria se aposentar dentro de duas semanas.
Barbosa respondeu que não sabia de nada a esse respeito.
Pelo jeito da conversa, dá para supor que Marco Aurélio estava anunciando que o próprio Barbosa deve se aposentar em duas semanas.
Faria sentido, já que terminado o mensalão o atual presidente do STF pode considerar cumprida a sua missão histórica.
Faz sentido também pensando no calendário eleitoral. Dando essa dica, Marco Aurélio estaria insinuando que Barbosa tem pressa para se preparar para alguma candidatura. No mínimo, fica a ideia de que Barbosa está atuando menos como juiz e mais como político.
Os candidatos precisam estar filiados a partidos até dia 5 de outubro. Daí o prazo de “duas semanas” para Barbosa se aposentar, conforme insinuado por Marco Aurélio.
Brasil 247
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