Vereador Daniel parece ter vontade de ver o sol nascer quadrado
“Gente! Tá a polícia aqui, ó. Nem eu confessando que pegava (roubava), a Justiça mando prender eu”. Essa foi a frase dita pelo vereador Daniel do Floresta, do PMDB, na tribuna da Câmara Municipal durante 9ª sessão ordinária do ano, ocorrida no dia 22 de março. Vários Policiais Militares acompanhavam a reunião.
Caso o leitor não tenha entendido nada, Daniel se refere ao caso “Mensalinho”, um suposto esquema denunciado pelo próprio edil em que ele e a maioria dos vereadores recebiam do prefeito Jardel Sebba (PSDB) benefícios em troca de apoio político na votação de projetos. Mais de R$ 10 mil/mês eram destinados a cada integrante, de acordo com a acusação.
O delator aponta com frequência que Juarez Rodovalho (DEM), Paulo César (PSD), Valmir Pires (PSDB), Silvano Mecânico (PR), Pedrinho H (PSD), Aurélio Macedo (PP), Donizete Domingues (PSB), Leonardo Bueno (PSB), Regina Félix (PSDB) e João Antônio (PSDB), todos da base governista, também recebiam a tal “ajuda”.
Nessa jogada Daniel coloca outro nome, o de César José Ferreira, secretário de Infraestrutura e de Governo e superintende da SAE (Superintendência de Água e Esgoto). No grupo, costa na querela, César teria a função de gerente e era quem repassava o dinheiro oriundo do município. “Ele que sempre nos avisava que o ‘churrasco’ tinha saído”, disse o legislador. Churrasco foi o apelido dado ao pacto para despistar possíveis investigações.
O Ministério Público e a Delegacia Estadual de Repressão de Crimes Contra a Administração Pública (DERCAP) estão investigando o caso, mas, ao que parece, as coisas podem não ser elucidadas tão cedo.
O MP alega que as apurações são sigilosas e que por isso não pode repassar informações, e o titular da DERCAP, Marco Antônio Morbeck, apenas disse que os trabalhos apurativos seguem dentro do esperado.
Em entrevista recente ao Blog o delegado disse estar descrente que os acusados venham a ser presos, e a dificuldade em comprovar a existência do ato corrupto e a participação de cada um dos vereadores seriam os entraves. “A decisão de os investigados serem presos cabe somente à Justiça. Acho difícil que isso aconteça pelo tempo que se passou, pelos envolvidos serem agentes públicos, mas eles vão responder, de alguma forma vão responder. A prisão deles quem vai determinar é o juiz, mas isso pode não acontecer também”, explicou.
Desde setembro de 2014 a criminação é investigada e, quase dois anos depois, nada conclusivo foi apresentado à população.
Por: Gustavo Vieira
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