“Tivemos, ano passado, uma eleição muito dura no Brasil. Em 2018, o PT será o partido que mais tempo governou o Brasil. E me parece que alguns setores da sociedade, que perderam a quarta eleição, não querem permitir que Dilma complete seu mandato. Tivemos uma eleição difícil, depois a oposição não conseguiu descer do palanque. Continua fazendo campanha e nós estamos passando por momento político bastante delicado”, discursou.
Aos presentes, Lula afirmou que, neste contexto, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, aceitou o pedido de impeachment como um “gesto de vingança”, diante da posição do PT de posicionar-se contra ele no Conselho de Ética da Câmara, que julga denúncias de corrupção contra o próprio Cunha.
“Não existe uma acusação contra Dilma. Duvido que tenha um brasileiro que ache que ela é desonesta”, desafiou. De acordo com ele, o país vive o “o período mais longo da democracia da nossa história”, mas atravessa uma “tentativa de golpe explícito contra o Brasil e contra a presidenta Dilma Rousseff”.
O ex-presidente falou ainda sobre a tumultuada votação dos membros da comissão especial de impeachment, na Câmara. “Ontem seria votada uma comissão que analisaria o impeachment. Nomes foram indicados pelos partidos. E o presidente da Câmara, numa afronta jamais vista no país, não aceitou a lista apresentada pelos partidos e apresentou a lista dele para concorrer. E resolveu que a votação seria secreta. Houve muita confusão, a votação foi secreta, e ele ganhou.”, disse, contando que a eleição, contudo, foi suspensa e ressaltando o fato de a oposição não ter conseguido votos suficientes para viabilizar o impedimento.
“A tentativa de impeachment não tem base jurídica aceitável, é uma aventura dos setores inconformados com a derrota eleitoral, os mesmo que não se conformam em ver trabalhadores como protagonistas da política e ver a desigualdade diminuir entre nós”, criticou.
Segundo ele, tal investida vem sendo repudiada pelas organizações da sociedade brasileira e será derrotada no Congresso. “Os setores produtivos também têm criticado a exacerbação artificial da crise política porque o ambiente de incerteza paralisa os negócios e os investimentos”. Para Lula, a economia brasileira tem fundamentos bem mais sólidos hoje que há 20 anos, “mas precisamos de estabilidade política para voltar a crescer”.
“Há um ano a oposição faz esforço para não deixar Dilma governar, apostando na teoria do quanto pior, melhor”, condenou. O ex-presidente apontou uma tentativa de criminalização de seu partido, o PT, com o objetivo de barrar a manutenção de um projeto popular para o país.
“O que está em jogo não é mandato da Dilma, é o respeito ao Estado Democrático de Direito. Mas tenho confiança no amadurecimento da sociedade brasileira, que não permitirá retrocesso. Vamos vencer a crise e retomar o caminho do crescimento”, defendeu, afirmando que os brasileiros irão “para a rua, defender o mandato legitimamente eleito da nossa presidenta.”
Em Berlim, Lula foi o convidado de honra para a palestra “Política progressista em tempos desafiadores”, que abriu o evento e contou com 300 delegados de diferentes partidos progressistas de 40 países de todo o mundo, das Filipinas à Suécia, da Espanha à África do Sul.
Portal Vermelho
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