Diante dos números, o governador do Estado, Paulo Câmara (PSB), enviou, na manhã desta quarta (25), um ofício à presidenta Dilma Rousseff (PT) solicitando uma audiência para discuir um plano de combate a doenças transmitidas por mosquitos.
O governo de Pernambuco identifica o aumento significativo das notificações de dengue este ano. Em comparação ao mesmo período de 2014, o crescimento foi de 580%, resultando em 117.250 notificações em 2015, com 61 municípios pernambucanos em situação de risco de epidemia de dengue e 78 em situação de alerta para a epidemia.
Além da dengue, o mosquito Aedes Aegypti também é transmissor da febre chikungunya e do zika vírus, principal suspeito de causar microcefalia em bebês, segundo o Ministério da Saúde.
Técnicos da Secretaria de Estado da Saúde estão nesta quarta (25) em Brasília finalizando o protocolo para orientar os profissionais do setor no estado sobre a atenção às gestantes e indicações sobre os atendimentos médico e psicológico. Pernambuco trabalha atualmente com nove hospitais de referência para atender mães e bebês nas macrorregiões de Recife e de Caruaru, Petrolina e Serra Talhada.
Setenta e duas unidades de saúde estão notificando os casos em 108 municípios. A notificação passou a ser compulsória e imediata no estado desde 27 de outubro. Entre as ações, a secretaria determinou que grávidas que apresentam manchas vermelhas na pele façam coleta de sangue para diagnóstico laboratorial e sejam submetidas a ultrassom quando estiverem entre a 32ª e a 35ª semana de gestação.
As grávidas que chegam aos hospitais com resultados de ultrassom indicando que o bebê tem microcefalia também passam por exames de sangue e são encaminhadas para iniciar atendimento psicológico. Para a secretária executiva de Vigilância em Saúde, Luciana Albuquerque, o grande número de casos de microcefalia em Pernambuco é resultado da notificação em tempo real estabelecida em outubro.
“Na medida em que temos notificação imediata, é de se esperar que os números aumentem. Todo o estado está notificando, então, os números podem subir”, disse Luciana.
O Ministério da Saúde, que já criou um grupo de trabalho para tratar do assunto, elaborou um tira-dúvidas, que pode ser acessado aqui, e uma série de orientações para as gestantes, que publicamos no pé desta matéria.
Nova enferminadade?
Sem estudos ainda que atestem a relação da infecção de gestantes pelo vírus Zika com o nascimento de crianças com microcefalia, a neuropediatra Vanessa Van der Linden defende que os novos casos dessa deformidade no cérebro revelam uma nova doença, já que fogem do padrão conhecido.
“Se é provocada pelo Zika ou por outro vírus, ou outro agente, não sabemos. O que posso dizer é que os casos não seguem o padrão que a gente vê nas outras pacientes que têm infecção congênita e filhos com microcefalia”, explicou Vanessa, do Hospital Barão de Lucena e presidente da Associação de Assistência à Criança Deficiente do Recife.
Ela foi a primeira médica a buscar a Secretaria de Saúde de Pernambuco para alertar sobre o aumento do número de casos de crianças com o crânio menor que o normal. “Um dia, cheguei à UTI [Unidade de Terapia Intensiva] e tinha três casos de crianças com a cabecinha assim, isso me deixou intrigada, normalmente a gente via uma a cada mês ou a cada dois meses”, relatou.
A microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. A neuropediatra esclarece que essa condição pode ter diversas causas, como agentes químicos e infecções por toxoplasmose ou pelo citomegalovírus. Cada causador provoca um quadro típico, como alteração na visão, na audição ou em outros órgãos. Segundo a médica, em muitos desses novos casos os recém-nascidos têm comprometimento do coração, “mas a amostra ainda é muito pequena para dizer que está relacionado à nova doença”.
À medida que os casos foram chegando, a neuropediatra pedia exames para toxoplasmose e para citomegalovírus, e todos deram negativo. A especialista diz que recebeu informações de casos parecidos fora do Nordeste e que tudo deve ser bem investigado.
Segundo ela, há casos de crianças com microcefalia que se desenvolvem, têm filhos, mas que em outros casos o bebê tem muitas convulsões e por isso pode não ter o desenvolvimento adequado.
A relação entre o aumento de casos de microcefalia e a presença do vírus Zika em gestantes foi cogitada mais fortemente há pouco mais de uma semana, quando o Laboratório de Flavivírus, do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio, constatou a presença do vírus em amostras de duas gestantes da Paraíba, cujos fetos foram confirmados com microcefalia.
Segundo o Ministério da Saúde, apesar de ser um resultado importante, os dados atuais não permitem confirmar a relação da infecção pelo Zika com a microcefalia. Essa correlação está sendo investigada em parceria pelo governo federal e os estaduais.Os primeiros casos de Zica no Brasil foram registrados em maio de 2015.
Portal Vermelho
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