Categories: Sem categoria

Nassif: Mais uma vez a bola está com Dilma

Spread the love

Com as três frentes (oposição, mídia e Fazenda) relativamente apaziguadas, abre-se espaço para o desafio maior: Dilma começar a governar.

Por Luis Nassif

Presidência da República

A presidenta Dilma Rousseff em audiência no Palácio do Planalto, esta semana, com governadores do Nordeste.

Graças exclusivamente ao amadurecimento institucional, o país começa a voltar para a normalidade política.

Digo exclusivamente porque esta volta à normalidade ocorre apesar da apatia da presidente Dilma Rousseff, que até agora se mostrou incapaz de articular um programa mínimo de governo.

Tem a seu favor o fato de que oposição (com Gilmar Mendes) e imprensa não lhe deram um minuto de folga desde o segundo turno.

Agora, ocorre uma confluência de fatores estabilizadores.

Do lado da oposição, a desmoralização do golpismo de fancaria do PSDB de Aécio Neves, Carlos Sampaio e Aloysio Nunes.

Nesse período todo, contando com a retaguarda total da mídia, não logrou desenvolver uma proposta sequer. A inabilidade política foi tal que, ao propor a anulação completa das eleições, Aécio Neves conseguiu jogar fora a única âncora para o impeachment: a parceria com o PMDB.

Conseguiu descontentar os aliados, queimou-se com a opinião pública e com o empresariado e ainda teve que assistir o enterro do aliado Eduardo Cunha.

Essa sucessão de erros políticos é surpreendente em alguém que parecia ter vindo da melhor escola política mineira.

A exposição ao sol desmanchou a imagem de Aécio e levou junto à do PSDB.

É possível que, nos próximos meses, o empresariado paulista e o mercado financeiro passem a apostar na Rede Sustentabilidade, de Marina Silva.

O segundo fator de estabilização é a Lei de Direito de Resposta aprovada pelo Congresso e sancionada por Dilma. Ela deverá conter os exageros de uma imprensa que parece ter perdido totalmente o rumo em sua aposta inconsequente no pior.

A terceira frente foi essa tentativa canhestra de emplacar o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles na Fazenda.

Pode haver discordâncias em relação ao estilo de Joaquim Levy. Pode cometer erros de diagnóstico, mas é um funcionário público responsável que jamais jogaria o país em aventuras.

Além de seu desconhecimento de economia, Meirelles é do tipo que cede o que for necessário para sustentar uma imagem vazia.

Ao sair de cena, devolve um pouco de tranquilidade ao cenário econômico.

Com as três frentes relativamente apaziguadas, abre-se espaço para o desafio maior: Dilma começar a governar.

Nos últimos dias, assessores presidenciais anunciaram a disposição de o governo ouvir sugestões visando reativar a economia. Dá a impressão que Dilma abrirá concurso para selecionar as melhores sugestões e dar um prêmio para os autores.

Se se indagar de qualquer analista se acredita que a proposta é para valer, a resposta será negativa. Dilma não conseguiu romper a imagem de isolamento que construiu.

Se quiser participação, basta recorre aos instrumentos de que dispõe.

Centro relevante de discussão da sociedade civil, o CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico Social) perdeu totalmente relevância no governo Dilma. Agora, com Jaques Wagner na Casa Civil, poderá voltar a ter importância.

Ao mesmo tempo, o governo tem no Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e no CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos) dois think tank com bom repertório de diagnósticos e visões de futuro.

Há um enorme elenco de estudos, desde as reformas institucionais defendidas por instituições ligadas ao mercado, simplificações tributárias estudadas por Associações Comerciais, políticas industriais e instrumentos de capitalização estudados pela Universidade e pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Falta apenas a presidente dar-se conta disso e sair a campo para ouvir, ouvir, ouvir. E, depois, ouvir mais até assimilar os conceitos e, sendo uma pessoa reconhecidamente inteligente, conseguir definir seu segundo governo.

A presidente tem resistido bravamente a propostas que, no fundo, buscam desmontar o Estado de bem-estar social construído desde a Constituição de 1988.

Falta sair da atitude defensiva e apresentar propostas de governo.

Fonte: Coluna Econômica

 

Blog do Mamede

Recent Posts

STF condena mais 14 réus pelos atos antidemocráticos que recusaram acordo com o Ministério Público

STF condena mais 14 réus pelos atos antidemocráticos que recusaram acordo com o Ministério Público…

13 horas ago

Bolsonaro deve explicações ao Brasil, além de pagar pelos seus crimes

Nota: Bolsonaro deve explicações ao Brasil, além de pagar pelos seus crimes Punição para todos…

14 horas ago

20 de novembro: Um chamado à luta por espaços de poder e representatividade

20 de novembro: Um chamado à luta por espaços de poder e representatividade É essencial…

14 horas ago

Boletins de crimes raciais crescem 968,5% em SP, aponta relatório

Boletins de crimes raciais crescem 968,5% em SP, aponta relatório   Ouvidoria das Polícias estadual…

14 horas ago

Plano para assassinar Lula foi discutido na casa de Braga Netto, diz Cid

Plano para assassinar Lula foi discutido na casa de Braga Netto, diz Cid   PF…

14 horas ago

Mercado de trabalho, a evidente discriminação e desigualdade racial

Mercado de trabalho, a evidente discriminação e desigualdade racial   É preciso desenvolvimento com valorização…

14 horas ago