Enquanto a grande mídia e outros setores da direita tentam blindar os tucanos, dois executivos da construtora mineira Andrade Gutierrez, uma das integrantes do cartel de empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato, apontam o envolvimento direto das principais lideranças do PSDB.
A informação foi divulgada pela coluna de Cláudio Humberto, no Diário do Poder. Segundo ele, dois executivos da construtora Andrade Gutierrez, ouvidos no processo da Lava Jato, afirmaram em acordo de delação premiada que os senadores José Serra (SP), Aécio Neves (MG) e Aloysio Nunes Ferreira (SP) estariam envolvidos no esquema de corrupção.
A Andrade Gutierrez, que teve seu presidente, Otávio Azevedo, preso em junho, foi a maior doadora de recursos na campanha de Aécio à Presidência em 2014. Foram 322 doações, que somaram mais de R$ 20 milhões, de acordo com dados do TSE.
Cemig
Outra relação da companhia com o PSDB de Aécio Neves ocorreu em Minas Gerais, onde a Andrade Gutierrez recebeu, de bandeja, a gestão da Cemig, que lhe foi entregue pelos tucanos em um acordo de acionistas. A estatal mineira é apontada como uma das empresas usadas no esquema de corrupção que alimentou o esquema do doleiro Alberto Youssef.
Vale lembrar que o tucano Aloysio Nunes já foi indicado pelo procurador-geral, Rodrigo Janot, como um dos alvos da investigação, após declarações do dono da construtora UTC, Ricardo Pessoa, de que Nunes teria recebido R$ 200 mil de caixa dois para sua campanha ao Senado. Aécio, por sua vez, foi citado em vários depoimentos do doleiro Alberto Youssef por ter supostamente recebido dinheiro de Furnas.
Outros citados
Outras lideranças da oposição também apontadas como integrantes do esquema continuam sendo ignoradas pela mídia. Segundo o doleiro Alberto Youssef, em acareação com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, ele teria feito pagamentos para a campanha de Álvaro Dias (DEM-PR) em 1998.
Após questionamento do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), sobre o uso de um jato alugado pela prefeitura de Maringá para políticos, Youssef respondeu: “Na época eu fiz a campanha do senador Alvaro Dias e parte destas horas voadas foram pagas pelo Paolicchi, que foi secretário da Fazenda da Prefeitura de Maringá. E parte foram doações mesmo que eu fiz das horas voadas”.
Em 1998, houve uma investigação na Prefeitura de Maringá por conta de possíveis desvios de recursos para o pagamento de jatos que foram supostamente usados por Álvaro Dias.
Em resultado, a Justiça Estadual condenou por improbidade administrativa o ex-prefeito Jairo Morais Gianoto, eleito pelo PSDB para o mandato de 1997 a 2000, que recorreu da condenação e vive em uma fazenda em Mato Grosso, e o ex-secretário da Fazenda de Maringá, Luiz Antônio Paolicchi, que morreu em 2011, mas na época da investigação chegou a ser preso pela Polícia Federal.
Em depoimento, ele confirmou o envolvimento. “O prefeito chamou o Alberto Yossef e pediu para deixar um avião à disposição do senador [Álvaro Dias]”, aponta reportagem da Rede Brasil Atual publicada neste domingo (13).
Os envolvidos, incluindo Youssef, foram condenados a devolver aos cofres públicos de Maringá “o valor desviado que, corrigido, corresponde a cerca de R$ 1 bilhão”.
Rede Brasil Atual
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