Delúbio Soares (*)
A cada ano, ao se comemorar o Dia do Professor, nossa categoria renova seu compromisso sagrado com a missão de educar gerações e construir o amanhã. E os motivos são muitos, são vários, são irrenunciáveis. Depois do contato com seus pais e com o ambiente familiar, os que alfabetizam, educam e instruem nossas crianças, são a primeira janela para o mundo e para a vida dos cidadãos do futuro.
Em décadas no magistério ensinando milhares de jovens em Goiás, vencendo as limitações materiais da rede pública e repartindo conhecimento, sentia ser o partícipe – eu e meus colegas de profissão – da construção de vidas e da realização de sonhos. Vi dezenas de milhares de jovens vencerem grandes dificuldades e transformarem a educação recebida em alavanca para uma vida melhor. Sempre defendi – por sabê-lo no dia-a-dia das escolas – que a educação é o melhor (e, talvez, o único) caminho para a realização de projetos de vida, a solidificação de profissionais capazes e a construção de um Brasil e um mundo melhores. A nós, professores, a má remuneração, o descaso oficial, a eventual falta de condições funcionais, o material pedagógico escasso e deficiente, nada disso nos impediu, nos impede ou impedirá de desligar-nos do momento de dificuldades e nos conectarmos ao futuro quando nas salas de aula, com o giz na mão ou o livro aberto.
É que nossa classe, essa cujo pagamento maior é a certeza íntima de que construímos o futuro de nosso país com o que de melhor ele tem, que é a nossa juventude, é a principal ferramenta com que se forja o amanhã. Muito mais do que dos governos ou da própria sociedade, é obra dos professores brasileiros o notório avanço nos índices de alfabetização, no aumento dos indicadores da escolaridade, da crescente qualidade dos que deixam as salas de aula para o mercado de trabalho. Não só esses indicadores crescem, como cresce o reconhecimento à altíssima qualidade do magistério brasileiro. Prova disso é o fato de que o governo federal instituiu o programa “Todos pela Educação”, iniciando a campanha “Um bom professor, um bom começo”, visando valorizar a classe do magistério brasileiro.
A instituição de um piso nacional para a remuneração salarial e o grande debate que se trava em torno do “Plano Nacional de Educação” (prevendo a destinação de expressivos 10% do PIB, o Produto Interno Bruto, para investimentos no setor), são apenas o resgate de uma dívida histórica com nossos mestres e a verdadeira devoção com que se engajam no cumprimento de uma missão indispensável e fundamental.
Há vilas e povoados, perdidos na geografia continental do Brasil, onde os mestres recebem remunerações indignas, porém mesmo em condições de extrema dificuldade funcional, eles embarcam em canoas nos rios e igarapés da Amazônia, em lombo de jegue ou boléia de caminhão nos sertões perdidos da pátria amada, debaixo de sol escaldante ou enfrentando chuva e lama, cumprindo o autêntico sacerdócio a que se entregaram. E, por isso, os brasileiros se orgulham de seus professores, esse enorme patrimônio da nação.
A UNESCO, organismo da ONU dedicado à educação, ciência e cultura, realizou a importante pesquisa “O Perfil dos Professores no Brasil: o que fazem, o que pensam, o que almejam”, nos 27 Estados da Federação, com mestres das redes pública e privada. A investigação, realizada com a participação direta de 5 mil profissionais da educação, representando 1 milhão e 700 mil docentes, analisou características sociais, econômicas e profissionais dos docentes, levando em conta também suas opiniões a respeito de questões de âmbito social, político e educacional. Publicada em livro, a pesquisa é um retrato fidedigno do magistério brasileiro, mostrando suas dificuldades, angústias, esperanças e posicionamentos diante do Brasil e do sistema educacional vigente.
Tal pesquisa, que reputo de importância singular, serviu para confirmar um fato inconteste: na última década, justamente nos governos dos presidentes Lula e Dilma, houve melhoras substantivas e avanços notáveis. Recuperou-se o tempo perdido nos oito anos de arrocho salarial e descaso para com a educação pública do governo de Fernando Henrique Cardoso, quando nenhuma universidade foi criada, quando nenhuma escola técnica foi aberta, contra as 14 universidades federais e as 214 escolas técnicas federais criadas, construídas e inauguradas pelo presidente Lula. Longe vai o tempo em que tropas do batalhão de choque, sob o comando do então governador do Paraná, o tucano Álvaro Dias, massacrou milhares de professores em Curitiba, mordidos por cães ferozes, intoxicados por bombas de gás lacrimogêneo e sprays de pimenta, espancados por cassetetes e choques elétricos, pisados por cavalos em disparada, numa das cenas mais repulsivas de nossa história contemporânea. Enfim, o jeito PSDB de tratar o professorado brasileiro.
Há muito a ser feito. E tudo o que for feito pela educação terá reflexos benéficos para a vida do Brasil e dos brasileiros. Cada real investido com a formação e remuneração de nossos professores, dando-lhes as condições necessárias para o exercício do magistério, será um imenso acerto e um reconhecimento sempre devido aos que vivem em função da educação, da cultura, das ciências e do futuro de nosso país e suas gerações.
(*) Delúbio Soares é professor
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