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Venezuela sob ameaça

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A Unasul vai se reunir na próxima semana para discutir e responder as ameaças dos EUA.

Por Fania Rodrigues, Revista Caros Amigos 

Essa semana a comunidade internacional foi surpreendida com um decreto do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama que declarou a Venezuela uma “ameaça extraordinária e inusual” à segurança nacional americana. Segundo o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro “essa é a maior agressão que os Estados Unidos já fez contra Venezuela, em toda sua história”.

O governo venezuelano repudiou esse decreto e o classificou a postura dos Estados Unidos de “grosseira” e “desproporcional”.

Nessa quarta-feira (11) o cônsul-geral da Venezuela, no Rio de Janeiro, Edgar González deu uma entrevista coletiva para esclarecer o que significa na prática esse decreto presidencial de Obama. González esclareceu que “juridicamente esse decreto não tem nenhum valor na Venezuela, pois em nosso país o que se decreta nos Estados Unidos não possui valor legal, somente aquilo que nós decidimos junto com o nosso povo”.

No entanto, ressaltou o perigo que pode representar essa reação dos EUA, frente aos problemas internos da Venezuela . “Não descartamos, e por isso denunciamos, que esse é o primeiro passo que os Estados Unidos utiliza para invadir outros países. Nós alertamos a comunidade internacional. A intervenção militar está caminhado para a Venezuela, esses são os passos prévios que os Estados Unidos costumam dar antes de uma invasão”, denunciou o cônsul-geral.

O diplomata venezuelano também chamou a atenção sobre o que isso significa para os países da América Latina e a segurança da região. “Essa ameaça dos Estados Unidos não afeta apenas a Venezuela. Uma intervenção militar, um golpe de Estado na Venezuela também afetaria os outros países da América Latina. Será o começo da derrubada dos países e dos povos que alcançaram sua soberania”, destacou, Edgar González.

Como medida cautelar, frente a ameaça de Obama, o parlamento venezuelano aprovou nessa quarta, com ampla maioria dos votos, a Lei Anti-imperialista, solicitada pelo presidente Nicolás Maduro com o propósito de facilitar a execução de medidas em defesa da soberania nacional.

O governo brasileiro ainda não se pronunciou oficialmente sobre o tema. Isso porque os países membros da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) decidiram se posicionar em bloco.

Na próxima semana os representantes desse organismo vão se reunir, em Montevidéu, no Uruguai, para dar uma resposta conjunta à decisão do governo norte-americano de declarar a Venezuela como uma ameaça.

Fatos políticos que antecederam as sanções dos EUA

Segundo o cônsul, essa postura de Obama é o desdobramento de plano que teve início no ano passado. “Desde o dia 23 de janeiro de 2014, o plano da oposição é criar um ambiente de caos para provocar a renúncia e derrocamento do presidente Nicolas Maduro”.

Derrotada na eleição de 2013, a aposição, conforma em sua maioria por pessoas de classe média alta, ocupou as ruas de Caracas. Em um país dividido e polarizado, os conflitos ideológicos já faz parte do cotidiano do venezuelano.

A novidade dessa fez foram as mortes e feridos. “Durante a execução desse plano, as manifestação “pacíficas” da oposição, foram se tornando violentas, provocando dolorosos saldos de mortes e feridos, criando assim um clima de insegurança e tensão na população”, explicou o cônsul venezuelano.

Diante do impasse, o presidente Nicolas Maduro fez um chamado ao diálogo e à paz. Líderes chavistas e oposicionistas sentaram pela primeira vez em uma mesa de diálogo, que teve a participação e a mediação da Unasul.

A situação voltou a se agravar esse ano, quando o presidente Maduro, voltou de uma longa viagem ao Oriente Médio, e acusou a oposição de tentar tramar uma golpe de Estado, em janeiro, durante sua ausência no país. Foram presos cinco oficiais das Forças Armadas Nacional Bolivaria e o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma. Um velho inimigo do chavismo, Ledezma participou do golpe de 2002, foi preso e condenado por conspiração. E em 2005 recebeu indulto do presidente Chávez.

Tanto em 2002, quando agora os Estados Unidos aparecem como o grande articulador do golpe. “Com a diferença que dessa vez temos um elemento novo, que é a guerra econômica. Empresários da indústria e do comercio estão privando o povo venezuelano dos principais produtos para a sua alimentação e higiene, com o objetivo afetar sua consciência e moral. Essas ações estão sendo freadas pelo governo bolivariano, que não tem medidos esforço, mas as ações de golpe ainda continuam”, ressalta o cônsul Edgar González.

Saiba mais sobre a realidade política da Venezuela

– Apesar de fazer barulho nas ruas, a oposição venezuelana teve poucos resultados nas urnas. Nas últimas eleições, em 2012, a governo de estado o chavismo saiu vencedor em 19 dos 23 estados.

– O Instituto Jimmy Carter, coordenado pelo ex-presidente dos Estados Unidos, declarou que o processo eleitoral da Venezuela é o mais transparente do mundo.

– A oposição venezuelana participa de todas as eleições e reconhece a legitimidade do processo eleitoral. O líder da oposição, Henrique Capriles Radonski, admitiu publicamente sua derrota na eleição contra Chávez, em 2012, e Maduro, em 2013.

Portal Vermelho

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