A nova elevação de 50 pontos-base na taxa básica de juros anunciada pelo Copom (Comitê de Política Monetária) veio em linha com o esperado pelo mercado. A Selic chega a 12,75% ao ano – uma das mais altas no mundo – mas o comunicado lacônico, a dificuldade política para a implementar os ajustes fiscais necessários e o dólar voltando a R$ 3,00 após 11 anos abrem espaço para ainda mais altas.
Para o economista e diretor de gestão de recursos da Ativa Investimentos, Arnaldo Curvello, o Comitê deixou em aberto o cenário para a próxima reunião, que pode trazer uma elevação de 25 pontos-base, para 13% ao ano – como espera a maior parte do mercado – ou pode fazer mais uma alta de 50 pontos-base para não ter que depender tanto do ajuste fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
“Se o ajuste fiscal ajudar a política monetária, ele [o Copom] pode parar na próxima, mas se em abril ele não estiver favorável, ele pode fazer mais elevações”, afirma em entrevista ao InfoMoney. A devolução da Medida Provisória 669 das desonerações pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, revelou que o clima político deve tornar mais difícil o trabalho do governo para implementar cortes de gastos e aumento na arrecadação de impostos.
“Em um cenário de não cumprimento da meta fiscal, o juro passa a ser não só um movimento de combate à inflação, mas uma ferramenta para reduzir a aversão ao risco”, disse Curvello. Para ele, os juros voltaram a ser necessários para a atrair capital.
Em um cenário de governabilidade precário, no qual os resultados fiscais apresentados pelo governo não venham na proporção que o mercado considere suficiente para o cumprimento da meta de 1,2% do PIB, a Selic pode subir para até 13,5%, diz Curvello.
Mercado amanhã
O economista acredita que amanhã o impacto da decisão terá efeito limitado na Bolsa e os investidores devem ficar atentos mesmo ao cenário político e à atuação de Levy.
Brasil 247
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