Na reforma ministerial, quando o presidente Lula defendeu enfaticamente a escolha de Henrique Meirelles para o ministério da Fazenda, a presidente Dilma Rousseff ponderou que não poderia nomear alguém que teria dificuldades para demitir. Lula assimilou o argumento e deixou-a à vontade. Ela queria Trabuco, que declinou, e acabou ficando com Joaquim Levy.
Agora Meirelles é o nome mais cotado para presidir a Petrobrás. Ele continua sendo pouco “demissível” quanto antes Dilma precisa de nome que possa mesmo comandar a empresa até o fim de seu próprio mandato. A estabilidade da nova diretoria é uma das condições para a recuperação de sua credibilidade.
Certo é, porém, que o novo presidente virá do mercado, e não do meio político ou de dentro do próprio governo e conhecerá as condições e expectativas do mercado com vistas à restauração da credibilidade da empresa. Da opinião de um conjunto de analistas do mercado pode-se concluir que eles esperam:
• A troca de todo o comando da empresa (já acertada entre Dilma e Graça Foster na reunião que acertou a troca no final do mês).
• A escolha de um presidente que, além de capacidade gerencial, tenha liderança, carisma e jogo de cintura para enfrentar as turbulências que ainda virão com a evolução da operação Lava Jato.
• A composição de uma diretoria que mais descolada do governo e indicada por critério técnico e não político-partidário.
• Maior diálogo entre o comando da empresa e os acionistas.
• Implementação de medidas mais eficazes de controle interno. Graça chegou a criar e empossar a diretoria de governança mas a iniciativa veio tarde e não surtiu os efeitos desejados junto ao mercado.
Dilma foi ao limite por Graça
Há um mês, quando concluiu a reforma ministerial, a presidente Dilma demitiu um ministro que ousou defender a substituição da diretoria da Petrobrás: Moreira Franco, então ministro da Aviação Civil, já havia tido sua permanência no segundo mandato acertada com o vice-presidente Michel Temer. A defesa de mudanças no comando da estatal, entretanto, levou Dilma a pedir ao PMDB outra indicação, que acabou sendo a do atual ministro Eliseu Padilha.
No momento da troca, o PMDB evitou explicar as razões da saída de Moreira mas agora, com as relações entre o partido e o Planalto agravadas pela eleição do presidente da Câmara, caciques do partido já confirmam que ela foi determinada pela reação de Dilma à defesa do que ele acabou sendo forçada a fazer agora: acerar a saída de Graça e de toda a diretoria.
Este episódio revela o quanto a presidente se empenhou para manter a amiga no cargo, contrariando todos os conselheiros, inclusive o mais importante deles, o ex-presidente Lula. Foi vencida pelas evidências de que a crise da empresa não seria superada sem atender a duas exigências do mercado: a troca de todo o comando e o choque de transparência e credibilidade, a ser aplicado pela nova diretoria.
Dilma semeou muitas mágoas pela forma com que dispensou colaboradores, não se importando com o desgaste ou a humilhação, especialmente na tal faxina do início do primeiro mandato. A saída honrosa para Graça foi uma exceção no estilo.
Brasil 247
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