A presidente Dilma Rousseff, que descansa em Aratu (BA), tem a possibilidade de real de mostrar ao País que se tornou uma pessoa mais leve, com maior capacidade para ouvir e dialogar. Caso a promessa se transforme em realidade, são reais as possibilidades de que Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, que tem o respeito e a admiração da classe empresarial, não apenas financeira, se torne o novo ministro da Fazenda, com total autonomia.
Meirelles é o candidato número 1 de ninguém menos que o ex-presidente Lula. Foi presidente do Banco Central durante os oito anos de seu governo – período de inflação baixa, forte crescimento, acúmulo de reservas internacionais, baixa volatilidade e alta confiança empresarial. Tem também o apoio de pessoas próximas ao ex-presidente, como o presidente do PT, Rui Falcão, e de outras forças que gravitam em torno do Institulo Lula, no bairro do Ipiranga. Por mais que correntes à esquerda do PT critiquem o retorno de Meirelles como uma “rendição de Dilma ao mercado”, seria, na verdade, uma rendição da presidente aos desejos de seu antecessor e possível sucessor – uma que Lula pretende concorrer em 2018, num país menos polarizado e com a economia em ordem.
Nos círculos lulistas, a comparação que se faz é que, com Meirelles, o segundo governo Dilma daria um sinal positivo às forças econômicas. O que não é certeza com a eventual escolha de Aloizio Mercadante, chefe da Casa Civil, que se tornou um dos ministros mais próximos da presidente Dilma. “Meirelles representa o dólar a R$ 2 e mais facilidade para enfrentar a inflação”, diz um dirigente do PT. “Mercadante representa o dólar a R$ 3 e um cenário mais turbulento”. Segundo ele, o caminho do meio seria representado por nomes como Nelson Barbosa, que melhorariam a relação com os agentes econômicos, mas não de forma tão expressiva. “O Nelson é mais do mesmo, dólar a R$ 2,50”.
Outros nomes que circularam no mercado, como o do presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e da Vale, Murilo Ferreira, parecem possibilidades boas, porém, menos concretas. Em ambos os casos, as posições que hoje ocupam oferecem tanto poder e melhores recompensas do que o Ministério da Fazenda. Embora Meirelles seja também presidente de um banco, o Original, do grupo JBS, ele, ao contrário de Trabuco e Ferreira, tem vocação pública e há tempos planeja maior exposição política.
Mercadante chegou a procurar lideranças do partido, como o presidente Rui Falcão, para ter aval à sua eventual nomeação. Foi advertido que não tem o apoio do PT para essa eventual mudança. “Você tem ambições eleitorais e o cenário exige ajustes e não está fácil”, disse Rui. “Melhor ficar onde está”. Ou seja: na Casa Civil, coordenando progamas e ações do governo.
O que falta para a volta de Meirelles é convencer a presidente Dilma Rousseff. O argumento é que, com Meirelles, e a relação com os agentes econômicos e financeiros pacificada, ela terá mais tempo, mais energia e melhores condições para conferir novas marcas ao seu segundo mandado. Especialmente, o aprofundamento das políticas de igualdade, inclusão social e ampliação dos direitos civis – e sem ser criticada todos os dias nos cadernos de economia e em publicações internacionais. Além disso, evitaria problemas na economia, quando a prioridade atual parece ser recompor a paz na sua base de apoio político.
Brasil 247
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