Os agricultores do município que dependem dos Ribeirões Samambaia e Pari para o cultivo, realizaram recentemente dois protestos pela falta de água na região. O primeiro aconteceu sábado, na porta de uma emissora de rádio onde o prefeito municipal, Jardel Sebba (PSDB), apresenta semanalmente um programa de entrevistas, e o outro, foi realizado em frente a Prefeitura no início da manhã desta segunda-feira (20/10).
Segundo o líder regional do Movimento Camponês Popular (MCP), Wender Antônio Ferreira, os manifestos foram realizados pela quebra de acordos por parte do município e a Justiça. “Tudo o que nos foi pedido, nós fizemos. Um deles foi o trancamento da irrigação acima do setor de capitação para a população ter água para beber e o ressarcimento dos prejuízos, e o não arrombamento das represas dos ruralistas, o que também não foi cumprido. Eles (Superintendência de Água e Esgoto – SAE) foram lá com ordem judicial e à noite arrebentaram três contenções de três propriedades, um desrespeito ao que foi acordado. Além disso tudo, eles nos hostilizaram, nos criminalizaram pelo uso daquelas águas”, disse Wender.
Ainda de acordo com ele, a medida não foi eficaz porque o setor de capitação da SAE não tem barreira de contenção para segurar a água que foi liberada, além da ação ter prejudicado o cuidado com o animais que estão morrendo de sede e de ter limitado o próprio consumo dos produtores.
A camponesa Maria Conceição Duarte Pereira, indignada com a situação, disse esperar soluções realmente eficazes do poder público e da Justiça. “Nenhuma administração buscou resolver o problema da falta d’água que foi previsto muito antes, agora estamos sentindo as consequências e nós produtores ainda mais. Eu tinha uma plantação de milho e perdi tudo, agora meus animais estão morrendo e quero saber quem vai pagar esse prejuízo. Arrombar represa não é a melhor opção e isso está sendo visto agora, infelizmente tarde demais”. Os ribeirinhos disseram ainda que com a Justiça nada foi discutido por meio de reunião, e que até o momento eles apenas têm sofrido imposições tiranas – trancamento das bombas e o rompimento das represas.
O presidente do Sindicato Rural de Catalão, Newton José da Silva, acompanhou o protesto dos produtores e disse que junto ao município irá estudar as melhores alternativas para resolver a situação. O dirigente da SAE, César José Ferreira, falou à nossa reportagem e também garantiu buscar as melhores soluções para os produtores e para a população da área urbana diante da crise causada pela falta de chuvas.
“O que estamos discutindo aqui é a desobstrução das represas por ordem da Justiça, algo que não surtiu o efeito esperado. Então, isso não será mais feito e eles podem refazer o que foi destruído. Diante da falta de chuvas vamos ter que implantar no município o rodízio de abastecimento nos bairros, o que será divulgado em breve. Já temos o financiamento de R$ 36 milhões e com ele vamos solucionar o problema do desabastecimento na cidade capitando água em um ribeirão mais próximo”, explicou. Sobre o prejuízos financeiros do ruralistas, César contou que se for do poder público a responsabilidade de reparar os danos, que isso será feito sem o menor problema.
Por telefone, a reportagem do Blog do Mamede entrou com contato com Wender para colher informações do que foi tratado em uma reunião marcada para está manhã na Prefeitura, onde se reuniria com o prefeito, o superintendente da SAE e a procuradoria do município. “Nada aconteceu não. O prefeito simplesmente desapareceu e o que nos foi repassado é que ele se ausentará por três dias. Não vamos permitir isso diante de um assunto de tamanha importância como esse. Vamos ao Ministério Público solicitar que ele retorne para a cidade, temos que ver como isso aqui vai ficar”, desabafou.
De acordo com os institutos meteorológicos brasileiros a previsão do tempo para Catalão é animadora, e as chuvas que devem cair nas próximas semanas podem amenizar a falta d’água no município.
Por: Gustavo Vieira