Os dicionários da língua da portuguesa, de maneira geral, entendem que a palavra solidariedade é uma “característica, particularidade ou estado de solidário”, de que tem “sentimento de compadecimento com as dificuldades e/ou sofrimentos de outras pessoas”, de “sentimento que consiste na identificação com as misérias alheias; conhecimento do sofrimento daqueles que são pobres”, e ainda de “demonstração ou a manifestação desse sentimento com o propósito de ajudar; ajuda, amparo ou apoio”, entre outras interpretações.
O Blog do Mamede resolveu entrar no mérito da questão justamente por uma publicação em uma rede social aqui mesmo, em Catalão. Lá, está escrito da seguinte forma: “Nossas estatísticas registram que as pessoas mais simples e humildes e com poder econômico menor, é que mais doam sangue. Por que será? Quanto maior o poder econômico e maior o grau de aprendizagem e intelectualidade, menor o número de doadores(as) de sangue.”
Essa postagem está na página social do Hemocentro Regional de Catalão (Hemocat) e publicada no dia 24 de setembro, não rendeu compartilhamentos, curtidas e comentários com expressividade. A solidariedade com certeza é uma das mais nobres atitudes humanas, mas infelizmente não está em todos.
Essa foi a conclusão que chegou o diretor técnico do Hemocat, Celmo Antônio de Araújo. Para ele, quanto maior o poder aquisitivo, menos as pessoas são afetuosas com as outras. “Eles (ricos) podem não concordar, mas estou aqui no hemocentro e vejo isso. Por exemplo, esse pessoal que vive em baladas, que tem dinheiro para gastar; eles não vêm aqui. Costumamos receber voluntários que realmente tem preocupação com o próximo, também funcionários de empresas, pacientes de reposição, pessoas alvo de nossas campanhas de doações; mas a elite ou aqueles com certo poder financeiro, esses não vemos aqui”, disse.
Celmo contou que além de constatar essa realidade no seu dia a dia, essa observação é sustentada e comprovada por estudos científicos em diferentes partes do globo. “É preciso mudar isso. Antigamente os homens eram quem mais doavam e hoje a proporção de doação feminina é igual ou pouco superior ao índice masculino”, completou.
Em Portugal, por exemplo, as pessoas com mais habilitações e mais rendimentos são os que dão menos importância à solidariedade, à justiça e aos valores democráticos. Esta é a apenas uma das conclusões do estudo da Universidade Católica Portuguesa e do Instituto Luso-Ilírio para o Desenvolvimento Humano.
“Quanto mais avançamos nos níveis de instrução, do 1º ciclo até ao ensino superior, a importância da justiça ou da solidariedade vai baixando progressivamente. São os mais instruídos e os mais ricos que desvalorizam a justiça e a solidariedade”, descreveu o investigador Lourenço Xavier de Carvalho, coordenador deste estudo.
Para ele, isso acontece pela própria educação e formação que está a ser dada às pessoas e que estão a afastar as pessoas do que “realmente as faz felizes”.
Por: Gustavo Vieira com informações do site Publico.pt