Segundo ele, a perdedora deste levantamento foi Marina Silva (PSB), que “está se prejudicando sozinha”. “A impressão de que Marina havia chegado no seu teto de intenção de voto se confirmou agora”, afirmou. “O recuo foi dentro da margem de erro, mas o fôlego para subir parece ter acabado.”
Carvalho Teixeira ressalta que o segundo turno passou a ser uma preocupação para Marina, que diminuiu sua vantagem e agora está tecnicamente empatada com Dilma Rousseff (PT). “Em 15 dias, Dilma conseguiu reduzir uma diferença de 10 pontos porcentuais, o que acende sinal mais que amarelo para Marina. Se tem boas notícias para uma campanha, é para Dilma”, apontou.
O cientista político avaliou que as inconstâncias de Marina estão prejudicando sua campanha e citou a volta atrás feita hoje pela Marina em sua declaração de bens. A retificação acrescentou R$ 45 mil ao patrimônio da Marina. Carvalho Teixeira afirmou também que as declarações de Marina sobre não dar importância ao pré-sal afetaram Marina no Rio de Janeiro, Estado onde ela perdeu quatro pontos porcentuais de intenção de voto e Dilma ganhou cinco, segundo pesquisa CNT divulgada ontem.
“Ela própria está se prejudicando justamente pela instabilidade da campanha no que se refere a posições e situações que a colocam em conflito”, afirmou. “Isso vai desconstruindo a imagem de pessoa da nova política, que é diferente dos outros”, acrescentou o analista.
Na pesquisa Datafolha, encomendada pela TV Globo e divulgada na noite desta quarta-feira (10), mostra que a corrida presidencial continua equilibrada e inalterada desde o último levantamento. A presidente Dilma, candidata à reeleição, que estava com 35% subiu para 36%, enquanto Marina Silva (PSB) caiu de 34% para 33% e Aécio Neves (PSDB), de 14% para 15%, na comparação com a pesquisa anterior, divulgada no último dia 3.
Os candidatos Pastor Everaldo (PSC), Luciana Genro (PSOL) e Eduardo Jorge (PV) aparecem com 1% cada. Não atingiram 1% das intenções de voto os candidatos José Maria (PSTU), Rui Costa Pimenta (PCO), Eymael (PSDC), Levy Fidelix (PRTB) e Mauro Iasi (PCB). Votos em branco e nulos somaram 6% e indecisos, 7%.
Segundo turno
A presidente Dilma e Marina aparecem tecnicamente empatadas num cenário de segundo turno, de acordo com a pesquisa. Enquanto Marina tem 47%, Dilma obteve 43% das intenções de voto. Na pesquisa anterior do Datafolha, na semana passada, Marina tinha 48% ante 41% de Dilma. A diferença havia chegado a 10 pontos porcentuais no final de agosto.
Num eventual segundo turno entre Dilma e o candidato Aécio Neves (PSDB), a atual presidente ganharia por 49% a 38%, mesmas porcentagens do último levantamento. O Datafolha fez ainda uma simulação entre Marina e Aécio. A candidata do PSB ficou com 54% ante 30% do candidato tucano. Na semana anterior, Marina tinha 56% e Aécio, 28%.
Avaliação governo Dilma
A avaliação dos eleitores com relação à administração da presidente Dilma se manteve inalterada. O total de eleitores que consideram o governo ‘bom ou ótimo’ continuou em 36%; ‘regular’, 38%; ‘ruim ou péssimo’, 24%. E 1% dos eleitores disseram ‘não saber’.
Rejeição
Pesquisa Datafolha mostrou que a taxa de rejeição da candidata do PT Dilma oscilou de 32% para 33%. O índice de Aécio Neves passou de 21% para 23% e de Marina Silva oscilou de 16% para 18%.
Opinião
O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, disse para o jornal O Estado de São Paulo que, a pesquisa Datafolha, não deve resultar em grandes oscilações nos preços dos ativos financeiros. Isso porque os mercados já avaliavam os rumores de um acirramento na disputa. “Alguns ativos já realizaram fortemente nos últimos dias”, lembrou. O Ibovespa, por exemplo, acumula seis pregões consecutivos de queda, com perdas de 5,97%.
Perfeito acrescentou que a “onda Marina” passou. Agora, a perspectiva de alternância de poder não está mais tão clara. O economista-chefe da Gradual também alertou que, independente desse movimento, o mercado também está em um momento de entender melhor as propostas de Marina. “O mercado tende a olhar de modo mais crítico”, afirmou. Nesse contexto, ele informou ter participado, na semana passada, de uma reunião com Walter Feldman, um dos coordenadores do PSB, e citou que outras casas também estão se reunindo com Feldman para avaliar melhor as propostas.
Perfeito comentou que os fatores externos também pesam sobre o Ibovespa e lembrou que na próxima semana há a reunião de política monetária nos EUA.