Candidato do PV à Presidência, Eduardo Jorge também fez questão de registrar a mudança de posicionamento da candidata: “Durou pouco. Bastou um influente pastor reclamar e ameaçar uma guerra santa e a campanha do PSB recuou em dois pontos essenciais: o reconhecimento do direito ao casamento para estas pessoas e na gravidade dos crimes de homofobia”, disse ele, referindo-se ao Pastor Silas Malafaia, que criticou o programa de governo do PSB antes e depois da mudança.
Já Luciana Genro (PSOL), diz que Marina “cedeu à bancada da intolerância, como cedeu ao mercado, como acena aos usineiros e ao agronegócio”. Para ela, a atitude é uma marca da “velha política”.
Nas redes sociais, a inconstância de Marina virou motivo de piada para os internautas.
Não demorou muito para que perfis no Twitter e páginas no Tumblr fossem criadas para satirizar a “constante dúvida” que a candidata vem apresentando em relação ao seu programa de governo.
No Twitter, o perfil @Marinaindecisa foi criado ontem, às 15h, e já contava com mais de 2 mil seguidores. Na descrição da página não-oficial, o texto é simples: “Não sei”. Além do perfil, diversos usuários brincaram com dúvidas que poderiam vir à cabeça da ex-senadora.
A página @Dilmabolada, não perdoou: “Apertando F5 no programa de governo da Marina para não perder a próxima atualização…”.
Já no Tumblr, o endereço “durou mais que as promessas da marina” foi criado aproveitando a mudança no texto em relação aos homossexuais.
As postagens brincam com fatos “banais” que duram mais tempo que o texto apresentando pela chapa de Marina como, por exemplo, uma viagem ao Japão.
Outros políticos também comentaram o recuo da candidata. Erika Kokay (PT-DF), deputada federal, escreveu em sua página do Facebook: “(…) me lembrei da frase do barão de Itararé que diz “de onde menos se espera é que não sai nada mesmo””.
Malafaia é tido como um ministro de Marina
Oprograma de governo de Marina Silva (PSB) não suportou 24 horas e alguns tuítes do pastor Silas Malafaia. Divulgado na sexta-feira com promessas de defesa dos direitos da população homossexual, o documento acabou remendado no sábado. Foram excluídas as propostas de apoio ao casamento gay e à criminalização da homofobia.
Em nota, a equipe do PSB alegou “falha processual na editoração do texto”. Em visita ao Rio, Marina disse que houve um “engano” da campanha. Segundo a candidata, a versão original trazia “o texto tal como foi apresentado pela demanda dos movimentos sociais”, sem o resultado da “mediação” da candidatura. Já Beto Albuquerque, vice na chapa de Marina, deu uma explicação diferente:
– O equívoco foi assumir compromissos com projetos de lei no Congresso, o que é uma invasão de competência.
Na prática, houve recuo em relação aos pontos mais polêmicos e rejeitados pelos pastores de denominações evangélicas, nas quais está parte considerável do eleitorado de Marina. A própria candidata pertence à igreja Assembleia de Deus. Logo após a divulgação do programa, na sexta, ao mesmo tempo em que as redes sociais registravam manifestações de apoio da comunidade LGBT, pastores e políticos da bancada evangélica disparavam críticas.
PARA MALAFAIA, TEXTO MELHOROU MUITO
Um dos mais duros foi o pastor Malafaia, que chegou a fazer ameaças. Após a mudança no programa, disse que “melhorou muito” e ressaltou que os evangélicos decidem “qualquer eleição”.
Já o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), defensor da causa homossexual, afirmou que a candidata “mentiu” ao eleitorado:
– Marina, você não merece a confiança do povo. Mentiu a todos nós e brincou com a esperança de milhões de pessoas.
O pastor, ministro da Marina respondeu para o deputado Jean Wyllys